Adaptação feita por Luiz Eduardo Farias, para o grupo de teatro amador Caretas, do Colégio Municipal Professora Delce Horta Delgado (Fevre)
SHAKESPEARE SE APRESENTA
[Shakespeare se encontra
deitado, cochilando, até que um sinal forte começa a soar. Entram as duas
assistentes do dramaturgo]
ASSISTENTE 1 - (olhando com
espanto para o colega e para o Shakespeare deitado) O que aconteceu com ele?
ASSISTENTE 2 - Ué,
não está vendo o óbvio? Ele está dormindo!
ASSISTENTE 1 - Isso
eu sei, né mané! Mas era pra ele estar aqui, apresentando a peça dele.
ASSISTENTE 2 - Mas
dá pra entender, meu caro, já se passaram 400 anos da sua morte.
[Shakespeare levanta irritado
e grita]
SHAKESPEARE - Morte! Como ousa falar em morte? Vocês por acaso sabem o que significa
esta palavra?
ASSISTENTE 1 – Mas é
claro! Quando o sujeito sai dessa pra melhor.
ASSISTENTE 2 – Abotoa
o paletó.
ASSISTENTE 1 – Veste
pijama de madeira.
ASSISTENTE 2 – Come
capim pela raiz.
ASSISTENTE 1 – Vira
presunto.
ASSISTENTE 2 – Estica
as canelas.
SHAKESPEARE - Chega!
Estou querendo dizer no sentido metafórico e filosófico...
ASSISTENTE 1 – Eita! Sei que sentido é isso não! É pra
direita, esquerda...?
SHAKESPEARE – Sou eu
que sou um gênio ou você que é burra demais?
ASSISTENTE 2 – Acho
melhor o senhor desenhar a pergunta, se não ela não entende.
SHAKESPEARE – Não
importa! Uma pessoa morre quando ela é esquecida. Enquanto houver alguém que
ecoa minhas obras eu serei eternamente vivo.
ASSISTENTE 1 – O
segredo então é fazer obras?
SHAKESPEARE –
Exatamente!
ASSISTENTE 1 – Então
meu primo não vai morrer nunca!
ASSISTENTE 2 – Menina!
Você não me falou que seu primo é famoso que nem sr Skatespirro...
SHAKESPERE –
SHAKESPEARE!
ASSISTENTE 2 – Isso
aí... O que ele faz? É escritor, músico...?
ASSISTENTE 1 – Que
isso, colega! Ele é pedreiro! Dos bons hein! Já fez um monte de obra!
SHAKESPEARE – Santa
ignorância! Como é burra!
ASSISTENTE 2 – Mas...
mudando de assunto, sr Milkshake...
SHAKESPEARE – Já
falei que é Shakespeare: Sha-kes-peare!
ASSISTENTE 2 – Tô
ligada, tô ligada... (virando-se para o
Assistente 2) A mãe dele não tinha um nome melhor não?
ASSISTENTE 1 – O que
ele tá querendo dizer é que o senhor tem que apresentar sua peça pra esse
pessoal que está aqui.
SHAKESPEARE – Ah
sim! É hoje? Havia esquecido!
[Os dois assistente ficam
atrás de Shakespeare e fazem graça do patrão de vez em quando.]
SHAKESPEARE – Olá
para todos! Como estão, tudo bem? Vocês verão agora uma amostra da minha vasta
obra. Foram quase 40 peças teatrais. Sou considerado um dos maiores dramaturgos
de todos os tempos. Só no século passado, foram cerca de 50.000 produções e
adaptações de minhas peças em todo o mundo.
O que vão ver agora é uma de minhas mais conhecidas obras, que conta a
história dos jovens Romeu e Julieta. Espero que gostem! (inclina-se e cumprimenta a plateia)
[Luzes se apagam; música; Atores das duas famílias entram neste momento;
luzes se acendem]
PRÓLOGO
[As duas famílias
estão de frente, uma para a outra. Capuletos de vermelho e Montéquios de azul.
Falas em coro mostram a rivalidade das duas famílias habitantes de Verona, na
Itália.]
CORO - Na bela Verona, duas famílias de igual dignidade, levados por antigos
rancores, desencadeiam novos distúrbios,
tingindo de sangue as mãos de seus cidadãos. Em meio ao ódio dessas famílias,
sob a luz da lua e o brilho das estrelas, surge o mais puro dos sentimentos, o
amor... E deste amor à desventura de dois amantes, Romeu e Julieta, acometidos
por um lastimoso fim que até os dias de hoje sobrevive intacto e invencível.
[Todos saem. Ficam Dalila e Gregoriana,
armadas de espada]
PRIMEIRO
ATO
Cena
I
DALILA - Dou a minha palavra, Gregoriana, não
devemos levar desaforos para casa.
GREGORIANA - Está certa.
DALILA - Se me desafiarem puxo minha espada e a
lavo com sangue a honra.
GREGORIANA - Até o latir do cachorro na casa dos
Montecchio me irrita! (as duas riem; entram Benvólia e
Gregoriana) E por falar em cães veja quem vem lá.
DALILA - Minha espada está a posto.
BENVÓLIA - É pra nós que fazes cara feia, senhora?
GREGORIANA - Não. Talvez algum assombro, quem
sabe. (ri, mais uma vez, com Dalila)
DALILA - Quem sabe não és um!?
MERCÚRIA - Estão querendo briga?
GREGORIANA - Nós? Não senhora.
DALILA - Mas se estás... Saiba que estamos a postos.
BENVÓLIA
- Desembainhe vossas espadas se
forem mulheres de honra. (todas pegam suas espadas)
TEOBALDA - Cambada! Não usem suas espadas contra
essas pobres mulheres. (dirigindo-se à Dalila e Gregoriana)
BENVÓLIO: - Procura apartar esta gente. Ajude-me
a acalmá-las.
TEOBALDA - Como? Tu és uma porca imunda. Não me
dirija a palavra. Para o inferno todos os Montecchios! (Todas começam a brigar de modo
cômico)
(Entram
o pai e a mãe Capuleto)
CAPULETO - Que confusão é esta? Minha espada...
Ide buscá-la. (dirigindo-se às sobrinhas)
SENHORA
CAPULETO - Espada? Pra
quê? É mais fácil eu pegar sua muleta.
CAPULETO – EU-QUE-RO-A-MI-NHA-ES-PAAAAAA-DA. (Entram
o pai e a mãe Montéquio)
MONTÉQUIO - Capuleto, covarde! Tem de se meter
comigo.
SENHORA MONTÉQUIO - Não darás um só passo para enfrentar
o inimigo, meu marido. Eu te peço. Pela vida de minha mãe, sua sogra. (Montéquio
faz uma cara de felicidade)
(Os pais lutam. Entra o príncipe)
PRINCESA - Baderneiros, inimigos da paz, que
puxam as suas espadas derramando o sangue do vizinho. (Todos reverenciam) Parecem
animais, selvagens, espalhando por Verona a semente da intriga, da discórdia e
do mal. Jogai de suas mãos as armas ou sentiras a fúria do meu castigo. (Jogam as armas) Se voltarem a
perturbar a paz serão condenados sobre sentenças com suas próprias vidas. Vós
Capuleto vinde comigo, quanto a vós Montecchio, à tarde, irás à corte da
justiça.
[Todos saem,
ficam apenas o Capuleto]
CENA II
[Entra
Páris]
PÁRIS – Senhor Capuleto! Tenho pelo
senhor, honrosa consideração... E agora, senhor, espero que responda a meu
pedido.
CAPULETO - Claro, respondo. Minha filha
Julieta é ainda muito jovem. Mas quem sabe daqui a dois verões esteja preparada
para assumir o compromisso, e enfim venha a ser sua esposa.
PÁRIS -
Outras moças da mesma idade de Julieta já são mães.
CAPULETO - Muito cedo murcham aquelas que
cedo se casam. Mas permito-o que a corteja. E esta noite estás convidado à
festa que darei aqui em minha casa.
PÁRIS - Muito me honra o convite. Toda
Verona conhece a grandiosidade deste baile. Desde já senhor Capuleto... Conte
com minha presença. (os dois se cumprimentam e enquanto Páris sai...)
CAPULETO – Criada! Criada! (gritando)
CRIADA – Sim, senhor!
CAPULETO – Tome esta lista. Convide todos que nela
estiverem para o baile que darei em minha casa.
CRIADA – Baile funk, senhor?
CAPULETO – Como?
CRIADA – O senhor falou em baile... Eu só
conheço o que eu vou, lá na comunidade do Buraco Quente. Aquilo só tem pancadão
bonito. E os gatinhos? O senhor tem que ver, senhor Capuleto.
CAPULETO – Quanta ignorância! Será um baile de
máscaras, sua imbecil. Agora vá, sua anta! Tenho mais o que fazer. [sai]
CRIADA – Pedindo assim com jeitinho... Mas,
diabo! Eu não sei ler. Como vou fazer agora? (fica num canto do palco)
[entram
Romeu e Benvólia]
BENVÓLIA - Boa manhã, meu primo! Você
perdeu a briga de ontem. Vou te contar, quando....
ROMEU - Ai de mim! As horas tristes
parecem longas.
BENVÓLIA - Que tristeza abala tuas horas?
ROMEU - Não possuir o que as pode
abreviar.
BENVÓLIA - O amor?
ROMEU - Estou privado daquela que amo.
BENVÓLIA - Que tão cruel amor é este que
provas?
ROMEU – O nome dela é Rosalina. É mais
bela que todas as flores deste mundo.
BENVÓLIA - E você conhece todas as flores
deste mundo?
ROMEU – Não, mas imagino.
BENVÓLIA - Tu tens imaginação de mais,
Romeu. Venha comigo. Vou te apresentar para umas colegas funkeiras tchutchucas.
(música
de funk; os dois saem e a criada os
abordam)
CRIADA – Olá! Algum letrado entre os senhores?
BENVÓLIA – Ihhh! Eu estudei em escola estadual
e lá vivia em greve...
ROMEU – Eu estudei no colégio Delce
Horta, lá só tem professor bom... Me dê isso aqui, criada. (Lê) “Senhor e senhora
Margino e filha; conde Anselmo e suas famosas irmãs; viúva Vitrúvio; senhor
Placêncio e suas encantadoras sobrinhas; Mercúcio e seu irmão Valentino; meu
tio Capuleto, esposa e filhas; minha graciosa sobrinha Rosalina; Lívia; senhor
Valêncio e seu primo Tebaldo; Lúcio e a amável Helena.” Uma bela turma. Tudo
com nome feio, né!? (Devolvendo o papel) Onde será isso?
CRIADA - Lá em cima, em nossa casa.
ROMEU - Casa de quem?
CRIADA - Do meu patrão, o grande e rico
Capuleto. Se o senhor não for da casa dos Montéquio, venha também tomar uma
taça de vinho esta noite. Passar bem! (Sai)
BENVÓLIA - Banquete na casa de Capuleto! A sua
bela Rosalina vai estar lá.
ROMEU - O sol que tudo vê, nunca
contemplou tamanha beleza.
BENVÓLIA - Por que você não vai?
ROMEU – Meu primo, sou um Montéquio.
Não posso ir a um baile na casa dos Capuletos. Isso é loucura!
BENVÓLIA – Mas bem lhe digo que és louco.
ROMEU - Louco não. Apenas um homem
apaixonado! (Saem)
CENA III
[Entram a Senhora Capuleto e a Ama de
Julieta]
SENHORA
CAPULETO - Ama,
onde está minha filha ama? Chame-a.
AMA - Por minha virgem! Já a
chamei... Onde anda essa pequena? Julieta... Julieta?
JULIETA - Que há? Quem está me chamando?
AMA - Vossa mãe.
JULIETA - Eis-me aqui senhora minha mãe.
Que desejas?
SENHORA
CAPULETO - Ama,
deixe-nos a sós um momento, preciso falar em segredo. Volta. Pensei melhor,
deves ouvir esta conversa. Falta pouco para completar quatorze primaveras...
AMA - E eu não sei. E que espero e
viver bastante para vê-la casada um dia.
SENHORA
CAPULETO - É
exatamente sobre isto que desejo falar. Diga-me filha... Que sentes em relação
ao casamento?
JULIETA - Coisa com o qual não sonho.
SENHORA
CAPULETO - Já é
tempo de pensar no assunto. Se não me engano com tua idade, já era tua mãe. E não
sei já percebeu, o valente Páris anda interessando em cortejá-la.
AMA - Ah, que homem senhorita, que
homem!
SENHORA
CAPULETO - Não
há em Verona melhor partido.
AMA - E que partido! (Julieta
e a mãe olham assustadas para a Ama)
SENHORA
CAPULETO - Que
dizes? É de teu agrado receber a corte de Páris?
JULIETA - Procurarei aceitar sua corte.
Já que é de seu agrado.
SENHORA
CAPULETO - Eu sabia
minha filha.
JULIETA - Hoje à noite no baile, eu
prometo que serei simpática com o nobre Páris, só não posso prometer que
gostarei dele. Nosso coração é uma
caixinha de surpresas. (Saem)
CENA IV
[Entram
todos mascarados; Montéquios entram por outro lado]
CAPULETO - Bem vindos cavalheiros! Em meus bons
tempos também usava máscaras e sabia sussurrar nos ouvidos de uma bela dama.
Vamos, música, tocais. Abram, abram... Deem espaço para as danças!
[todos
começam a dançar; música fica ativa o tempo todo, mas baixa]
TEOBALDA - Aquele deve ser um Montechio.
Como se atreve miserável vir até aqui?
CAPULETO - O que há sobrinha?
TEOBALDA - Meu tio, aquele ali, é um
Montechio, nosso inimigo. O miserável aqui veio esta noite para ridicularizar
nossa festa.
CAPULETO - Não é o jovem Romeu?
TEOBALDA - Ele mesmo, o infame Romeu.
CAPULETO - Acalma-te Teobalda, deixa-o em paz se
comporte como uma perfeita dama.
TEOBALDA - Não poderei suportá-lo.
CAPULETO - Será suportado! Quem está dizendo sou
eu! Quem manda, eu ou tu?
TEOBALDA - Ora meu tio, é uma vergonha.
CAPULETO - Basta, basta! Esta brincadeira poderá
lhe custar caro.
TEOBALDA - Irei me retirar, mas isto não
ficará assim. (Sai)
[Continuam a
dançar; Romeu observa Julieta]
ROMEU - Posso ter a honra? Se profano for
tocar este santo relicário. Espero que com meus lábios possa suavizar este rude
contato com um terno beijo.
JULIETA - As santas têm mãos que são
tocadas pelos peregrinos...
ROMEU - Não tem lábios, as santas?
JULIETA - Sim, lábios que devem usar na
oração.
ROMEU - Então santa adorada, deixar que os
lábios façam o que as mãos fazem.
JULIETA - As santas são imóveis mesmo
quando atendem as orações.
ROMEU - Então não te movas enquanto recolho o
fruto de minhas preces. (Os dois se beijam) Assim mediante
vossos lábios ficam os meus livres de pecados.
JULIETA - E assim passaria para os meus o
que vossos lábios contraíram.
ROMEU - Pecado do meus lábios? Então
devolvei-me meu pecado. (Mais um beijo)
AMA - Senhora, vossa mãe está a sua
procura e tem pressa por falar com você. (Julieta sai de perto)
ROMEU - Quem é a mãe dela.
AMA - Ora, a dona desta casa. Eu
conheço o senhor. É melhor partir. (sai; Benvólia entra)
BENVÓLIA – Se deu bem, hein Romeu!? Safadinho!!!
ROMEU - Ela é Capuleto! Que conta cara! De hoje em diante devo
a vida ao inimigo...
BENVOLIO - Não acredito! Então partamos! A festa
está mesmo no fim...
ROMEU - Pra mim começou agora.
[Benvólio tira Romeu da festa]
JULIETA - Quem é este belo jovem, com
quem eu estava dançando? Temo que seja casado.
AMA - Chama-se Romeu, é um Montechio,
filho único de vosso grande inimigo.
JULIETA - Meu único amor, nascido de meu único
ódio! Conhecido por acaso e tarde demais! Como esse monstro,
o amor, brinca comigo: apaixonar-me pelo inimigo!?
AMA - Isso eu não sei, mas que ele é
um bonitão, isso é!
VOZ - Julieta! (da coxia)
AMA: - Já vamos! Vinde. Os convidados
já estão indo embora. (Saem)
SEGUNDO ATO
CENA I
[Entra Shakespeare; enquanto ele fala, chega
Romeu apaixonado e Julieta aparece da “janela” – na coxia, ela sobe em
uma cadeira; Romeu vai a seu encontro]
SHAKESPEARE - Depois deste baile nasce em
Romeu e Julieta o amor. Mas a inimizade entre as famílias cria um grande
obstáculo para a aproximação dos amantes. Só a forte paixão poderá lhes dá
forças e meios para se encontrarem, e assim, um nos braços do outro, viverem
uma linda e bela história de amor. (Sai)
JULIETA - És louco! Como chegaste aqui? Corres
perigo. Se algum de meus parentes lhe encontrar aqui, seria a morte.
ROMEU - Ah, mais perigos há em teus olhos que
em vinte espadas.
JULIETA - Por coisa alguma desejo que te vejam
aqui Romeu.
ROMEU - Basta me olhar com tua doçura que
estarei protegido de tanto ódio.
JULIETA - És louco.
ROMEU - Prefiro que minha vida seja encurtada
por um Capuleto, que longa, longe do teu amor.
JULIETA - Como chegaste aqui?
ROMEU - O amor me guiou. Meu amor já tens, eu
juro...
JULIETA - Não jures... Embora suas juras me
deixem feliz.
ROMEU - Posso retirar se assim desejas, só
para dizer-te outra vez.
JULIETA - Está acontecendo tudo tão rápido...
Tão...
AMA - Julieta... (grito)
ROMEU - Não se vá! Fique.
JULIETA - Não posso.
ROMEU - Quando posso vê-la novamente?
JULIETA - Se teu amor for verdadeiro quanto
dizes...
ROMEU - Quero casar-me contigo.
AMA - Já é hora de ir para cama Julieta. (grito)
JULIETA - Já vou. Se for de tua vontade
marcaremos a cerimônia.
AMA - Senhorita! (grito)
JULIETA - Estou indo...
ROMEU - Bendita noite. Só espero que tudo
isto não seja apenas um sonho.
AMA - Julieta! (grito)
JULIETA - Já vou. Boa noite Romeu!
ROMEU - Boa noite, meu amor (Ela sai)
CENA II
SHAKESPEARE – (entra , Romeu fica parado) Mal o
dia raiou e Romeu ao invés de ir para casa, desviou seu caminho para o mosteiro
onde encontrou Freira Loureça, e desta forma planejava levar adianta o que
prometera a bela e jovem Julieta.
[Entra a
freira]
ROMEU – (indo em direção à freira) Bom dia,
freira!
FREIRA LOURÊNCIA - Bendito seja! Posso apostar que a
causa de sua visita é atribuída ao amor.
ROMEU - Tens razão, santo madre.
FREIRA LOURÊNCIA - Ah, esta jovem Rosalina...
ROMEU - És minha confidente...
FREIRA LOURÊNCIA - E sei a paixão que o transforma em
insone.
ROMEU - Não é de Rosalina que venho falar.
FREIRA LOURÊNCIA - Não?
ROMEU - Não. Encontrei o verdadeiro amor.
FREIRA LOURÊNCIA - Assim tão de repente?
ROMEU - Como uma flecha que atinge sem
vacilar.
FREIRA LOURÊNCIA - Se não é a jovem Rosalina, então
quem é? Joana? (Romeu faz que não com a cabeça a cada nome, até se irritar)
Maria? Serafina? Lorena? Rebeca?...
ROMEU - Julieta.
FREIRA LOURÊNCIA - Julieta? A Capuleto?
ROMEU - Sim.
FREIRA LOURÊNCIA - Mas como?
ROMEU - Amor não se escolhe. Se sente.
FREIRA LOURÊNCIA - O problema é que o amor dos jovens
não está apoiado no coração e sim nos olhos.
ROMEU - A senhora mesmo me censurou por amar
Rosalina, que não me quer. Com Julieta é diferente. Tanto me ama quanto por mim
é amada.
FREIRA LOURÊNCIA - Bendito seja! Quem sabe este amor
seja uma trégua, uma aliança entre os Capuletos e os Montechio. Bem sabes que
tenho estima por ambas as famílias, e a paz é o que mais desejo.
ROMEU - Então nos ajude.
FREIRA LOURÊNCIA - Que se passa nesta cabecinha?
ROMEU - Peço-te que nos case.
FREIRA LOURÊNCIA - Vossas famílias jamais consentirão
tal união.
ROMEU - Por isso deverão saber após a
realização da cerimônia da nossa união.
FREIRA LOURÊNCIA - Sei não.
ROMEU - Eu te suplico!
FREIRA LOURÊNCIA - Está bem farei... Mas por razão de
promover a paz entre as famílias.
ROMEU - Então temos que agir depressa.
FREIRA LOURÊNCIA - Calma meu jovem! Quem muito corre
pode cair.
[Shakespeare entra de um lado,
Julieta do outro. A freira
casa Romeu e Julieta enquanto Shakespeare fala)
SHAKESPEARE - Através de um mensageiro Julieta
ficou sabendo que tudo estava acertado. Chegou bem cedo ao mosteiro de Frei
Lourenço. E ali, as mãos dos jovens se juntaram na sagrada união. Terminada a
cerimônia Julieta voltou depressa para casa, onde ficou aguardando
impacientemente a cair da noite, pois o apaixonado Romeu havia lhe prometido
visitar. Mas, o pior estava por vir. (Sai todos)
CENA III
MERCÚRIA: - Onde está Romeu? Não foi para casa
esta noite?
BENVÓLIA: - Para casa do pai não.
MERCÚRIA: - Será que foi morto?
BENVÓLIA: - Não diga bobagem!
[Chegam
Teobalda, Dalila e Gregoriana]
TEOBALDA – Bem que eu estava sentindo um cheiro
de peixe morto. São os Montéquios! Como fedem!
MERCÚRIA – (depois de ficar se cheirando) Ei,
eu sou cheirosa, tá! Passo até aquele desodorante do pai do Cris.
DALILA – Pai do Cris?
GREGORIANA – Que desodorante é esse?
MERCÚRIA – Aquele que diz: “Bloqueia, bloqueia,
bloqueia o mal odor”
ROMEU – (chega feliz) Bom dia para ambos!
MERCÚRIA - Estávamos preocupados.
BENVÓLIA - Não voltaste para casa de teu pai.
ROMEU - Perdoem-me! Tinha um assunto
importante a resolver.
TEOBALDA – Mais um imbecil fedorento para se
juntar à cambada...
MERCÚRIA – Como ousa falar assim comigo?
TEOBALDA – É o outro imbecil, imbecil!
MERCÚRIA – Ahh! Opa! Desembainha tua espada que irás engolir tua
ofensa.
TEOBALDA - Como está valente a tal cascuda.
DALILA - Vamos acalmar nossos ânimos. Estamos
em local público.
GREGORIANA
- Estão nos vendo. A princesa já nos advertiu.
TEOBALDA - Se é um desafio que queres.
Encontrastes. (Lutam) Vou te ensinar a respeitar o nome dos
Capuletos. (Atinge Mercúria)
ROMEU - Não! (Pega a espada e fere
Teobalda)
TEOBALDA - Desgraçado!
BENVÓLIA - Romeu! Está morta a brava Mercúria.
ROMEU - Maldito! Tu, eu ou ambos, devemos ir
juntar-nos a ele. Esta espada decidirá. (Lutam, Teobalda cai morta)
BENVÓLIA - Teobalda está morta. Vai-te Romeu,
foge! Não fiques ai parado! O príncipe te condenará a morte se fores preso.
Foge! (Romeu foge. Benvólia segura Mercúria) Oh meu Deus!
Verona está banhada em sangue! Está anunciada a guerra. Tudo isso só servirá
para alimentar toda rixa, todo esse ódio que há entre as duas famílias.
[Chegam a
princesa e os pais Capuletos/Montéquios]
TODOS OS PAIS – Não!!!
SENHORA
CAPULETO - Só peço
justiça! Que o príncipe condene Romeu à morte.
CAPULETO - É um assassino!
MONTÉQUIO - Romeu era primo de Mercúria.
SENHORA
MONTÉQUIO - Agiu
em defesa dela.
PRINCESA - Devido à ocorrência, a minha
sentença é que Romeu seja exilado daqui. Nunca mais ele pisará em Verona, sob
pena de ser morto.
MONTÉQUIO - Mas minha princesa... (Saem)
CENA IV
[Entra só a Julieta]
JULIETA - Ama... (Entra a Ama, quase sem fôlego)
AMA - Ah, que dia!
JULIETA - Que foi?
AMA - Morta! Está morta!
JULIETA - Quem está morta?
AMA - Tua prima Teobalda...
JULIETA - Minha querida prima?
AMA - Morta em um duelo.
JULIETA - Como foi isto?
AMA - Não sei bem... Desmaiei só de ver.
JULIETA - Despedaçado esta meu coração! Pobre
Teobalda. Tão jovem, morta.
AMA - Teobalda não existe mais e Romeu foi
banido.
JULIETA - Oh, meu Deus! A mão de Romeu derramou
o sangue de Teobalda?
AMA - Assim aconteceu.
JULIETA - Ah Romeu! Tens um coração de serpente
escondido por um rosto florido! Uma mente atormentada, confusa entre o amor e o
ressentimento. Ai de mim! (chora)
AMA - Que a vergonha caia sobre Romeu.
JULIETA - Romeu é um bom homem.
AMA - Como falas bem de quem matou sua
prima?
JULIETA - Devo falar mal de meu esposo?
AMA - Que dizes?
JULIETA - Que acabaste de ouvir.
AMA - Deus! Correi para vosso quarto, vou
atrás de Romeu para esclarecer o ocorrido.
JULIETA - Encontre-o! Entregue este anel e peça que venha
trazer-me o último adeus!
AMA –
(enquanto saem) Isso é bijuteria, hein! (Saem)
CENA V
[Freira
Lourência e Romeu entram, cada um por um lado]
ROMEU - Padre, quais são as notícias? Qual a
sentença da princesa?
FREIRA LOURÊNCIA - Foste banido.
ROMEU - Ah, banido! Tende compaixão...
Preferia a morte.
FREIRA LOURÊNCIA - Seja paciente Romeu. O mundo é
vasto.
ROMEU - Que mundo pode haver fora dos muros
de Verona?
FREIRA LOURÊNCIA - Oh, ingratidão! Segundo as leis,
deverias morrer. Devias agradecer a bondade da princesa.
ROMEU - É suplício e não favor. O Céu esta
onde Julieta vive. Pior condenação não haveria... Banido, longe do meu
verdadeiro e único amor. (Batem a porta)
FREIRA LOURÊNCIA - Levanta-te Romeu. Estão batendo a
porta. Esconda-te.
[Entra a
Ama, de um lado; Shakespeare, do outro. Enquanto Shakespeare fala os acontecimentos
se desenrolam atrás dele]
SHAKESPEARE - Ao abrir a porta Frei Lourenço
percebe a visita da ama de Julieta, que trás o anel que a jovem pediu que
entregasse a seu amado Romeu. Sem tardar o apaixonado Romeu vai ao encontro de
seu grande amor e juntos ficam até o amanhecer.
ROMEU - Preciso partir.
JULIETA - Tens mesmo que ir.
ROMEU - Sim. Tenho. Embora não queira.
Prefiro teus braços.
JULIETA - Se ficas, morre.
ROMEU - Longe de ti, sou apenas um andarilho
sem vida.
AMA - Senhora?!
JULIETA - Ama!
AMA - Vossa mãe está vindo.
ROMEU - Adeus, adeus doce Julieta!
JULIETA - Adeus meu Romeu. Aguardarei notícias
suas. Estaremos juntos novamente.
ROMEU - Não tenhas dúvidas amor. (sai
feliz, cantarolando)
[Entra a
Senhora Capuleto]
SENHORA
CAPULETO - Minha
filha...
JULIETA - Minha mãe.
SENHORA
CAPULETO - Tenho
notícia que alegrará este coração.
JULIETA - E que notícia é esta?
SENHORA
CAPULETO - Como
sabes, tens um pai previdente. E vendo tua tristeza providenciou teu casamento
com o jovem e galante Paris.
JULIETA - Me espanta a pressa de me casar com
quem se quer me fez a corte. Lhe suplico minha mãe... Dizeis a meu pai que não
desejo me casar.
SENHORA
CAPULETO - Dizei
pessoalmente, ai vem teu pai.
CAPULETO - Então minha senhora, já comunicaste
nossa determinação?
SENHORA
CAPULETO - Sim,
senhor, mas não é de seu agrado.
CAPULETO - Como! Não quer? Lhe arranjamos um
gentil homem para esposo.
JULIETA - Agradeço. Mas não o amo.
CAPULETO - Aprenderás amá-lo. Irás casar com
Paris nem que eu tenha que te levar arrastada aquela igreja.
JULIETA - Vos suplico de joelhos meu pai...
CAPULETO - Criatura desobediente. Ouve o que te
digo... Casarás nesta quinta-feira nem que tenhas que ir amarrada.(Saem)
JULIETA - Ai de mim! Que sofro com tamanho
dissabor! Vou procurar a madre, que será capaz de dar-me uma solução. Se tudo
falhar, só terei o recurso da morte. (Sai)
TERCEIRO ATO
CENA I
FREIRA LOURÊNCIA - Quinta-feira, senhor? Muito pouco
tempo.
PÁRIS - Esta é a vontade dos Capuletos
e também a minha.
FREIRA LOURÊNCIA – Vocês ignoram os sentimentos da
dama. O procedimento é irregular. Não me agrada.
PARIS - Julieta ainda está muito
abalada com a morte de seu primo Teobaldo e esta é a causa pela qual tão pouco
lhe falei de amor.
FREIRA LOURÊNCIA - Veja senhor, está chegando a
dama. (Entra Julieta)
PÁRIS - Feliz encontro minha bela
Julieta e futura esposa.
JULIETA - Poderá ser nobre cavalheiro
quando for sua esposa.
PÁRIS - Há de ser, meu amor, na próxima
quinta-feira.
JULIETA – O que tem que ser será.
PÁRIS - Vindes confessar com a madre?
JULIETA - Minha confissão teria maior
valor, feita em vossa ausência.
FREIRA LOURÊNCIA - Tenho agora tempo disponível, minha
triste filha... Cavalheiro, precisamos ficar sozinhos.
PÁRIS - Deus me livre perturbar a
devoção. Julieta adeus! Aguardarei até quinta-feira, guardai este santo
beijo. (Sai)
FREIRA LOURÊNCIA - Ah, Julieta! Já conheço a tua dor.
JULIETA - Madre, ajude-me! Dizei-me como
poderei evitar este triste destino.
FREIRA LOURÊNCIA - Ah, Julieta!
JULIETA - Prefiro ser enterrada viva a me
casar com Paris.
FREIRA LOURÊNCIA - Filha, vislumbro certa esperança
para evitar este casamento. Mas é arriscado por demais.
JULIETA - Qualquer coisa para me livrar
deste destino tão infame.
FREIRA LOURÊNCIA - Se te atreves, eu te darei um
remédio. Volta para tua casa e mostra-te alegre e dá teu consentimento em casar
com Paris. Amanhã, véspera do teu casamento, deves beber o conteúdo deste
frasco. O líquido que aqui contém a deixará paralisada como se estivesse morta,
durante quarenta e duas horas.
JULIETA - Não é 24 horas?
FREIRA LOURÊNCIA - Não, é 42 horas mesmo.
JULIETA - Que estranho! E assim Paris
pensará que morri.
FREIRA LOURÊNCIA - Sim. Então enviarei um mensageiro,
com uma carta explicando nosso plano para Romeu. Quando você acordar, poderão
ir para longe e assim viverem felizes juntos.
JULIETA - Dei-me então.
FREIRA LOURÊNCIA - Agora parte. Seja forte e feliz em
sua decisão.
JULIETA - O amor me dá forças. Adeus
querida madre! (Saem)
CENA II
[Entra Shakespeare.
Enquanto ele fala, os acontecimentos se desenrolam atrás dele]
SHAKESPEARE - Na manhã seguinte Julieta foi
dada como morta. Então em meio a profundo pesar o casamento transformou-se em
funeral. Os hinos de núpcias se transformaram em sombrios cânticos fúnebres.
Notícias ruins viajam sempre mais rapidamente que as boas. Assim a terrível
história da morte de Julieta chegou aos ouvidos do apaixonado Romeu, antes que
o mensageiro enviado por Freira Lourença chegasse com a carta esclarecendo a
simulação. (sai)
ROMEU - Que boas novas trazes de
Verona?
BENVÓLIA - Meu bom Romeu.
ROMEU - Nobre Baltazar, que palidez é
está que trás sobre tua fronte.
BENVÓLIA - Julieta.
ROMEU - Julieta? Não dizes nada? Que
silêncio é este que contagia todos os cantos a ponto de ouvir apenas teu
pulsar.
BENVÓLIA - Pobre Julieta.
ROMEU - Que há com Julieta?
BENVÓLIA - Dorme. Dorme um sono
profundo...
ROMEU - Que dizes?
BENVÓLIA - Meu bom Romeu, sedes forte...
ROMEU - Não, não, não...
BENVÓLIA - Julieta foi levada ao sepulcro
dos Capuletos e agora vive entre os anjos.
ROMEU - Não pode ser.
BENVÓLIA - Vi com meus próprios olhos
quando a levaram para a tumba de sua família.
ROMEU - Julieta! Sobre a luz da lua e o
brilho das estrelas juramos amor eterno! Prepare meu cavalo.
BENVÓLIA - Não podes sair de Mântua. Não é
prudente. Você foi exilado de Verona.
ROMEU - Partirei o quanto antes.
BENVÓLIA - Irei na frente. (Benvólia sai)
ROMEU - Oh quantas desgraças me acomete
a alma! Julieta, meu doce e tão sublime amor! Ainda esta noite, ao teu lado
repousarei. És o amor da minha vida e também da minha morte. Eternamente
estaremos juntos e nosso amor será lembrado por todas as gerações. A boticária
... Mora por aqui... Boticária? Em algum lugar... (Corre pelo palco) Boticária? Boticária...
BOTICÁRIA - Quem me chama com tanta força?
ROMEU - Vim aqui amigo... Tenho aqui
quarenta ducados. Arranja-me uma porção venenosa, mas que seja um veneno tão
forte que se espalhe rapidamente pelas veias e mate rapidamente um corpo que sem
alma vive.
BOTICÁRIA - Possuo esse veneno perigoso,
porém seu comercio é proibido por Lei. Se descobrem que o vendi serei punido,
condenado a morte.
ROMEU - Quanto a isso não precisa
temer. Ninguém saberá que o senhor me forneceu tal produto. Sei quanto precisas
deste dinheiro. Então passe por cima da Lei e toma estes para si. (Dar o dinheiro)
BOTICÁRIA - Basta uma única gota.
ROMEU - (Enquanto ele fala, o corpo de Julieta é trazido ao palco) Eis
teu ouro, o veneno mais nocivo para a alma dos homens. (o boticário sai) Ao sepulcro,
ao lado de Julieta estarei. (sai
Romeu)
CENA III
[Shakespeare chega]
SHAKESPEARE
– Os
planos estavam indo de mal a a pior. Agora era Páris que visitava o corpo de
Julieta. Ao escutar um barulho, decidiu se esconder, até que viu Romeu chegar e
se desesperar. Muitos acham que essa é uma história de amor. Mas como podem
ver, tudo se encaminha para uma tragédia. (sai)
PÁRIS - Para imediatamente com isso,
vil Montechio. Este ato é ilegal. Não permitirei que profanes túmulo de Julieta.
Estás condenado. Te mandarei para prisão.
ROMEU - Alto lá. Não te aproximes. Lembra-te
do triste fim de Teobalda. Não me provoque a ira, nem me obrigues a cometer
outro pecado.
PÁRIS - Só ficarás perto deste túmulo
se antes passares por cima do meu cadáver.
(Travam uma luta. Paris é morto)
ROMEU - Oh, Julieta sua formosura
transforma esta cripta. Meu amor! Minha esposa! A morte sugou o meu de teu
hálito, nenhum poder teve sobre tua beleza! Oh, aqui fixarei minha eterna
morada. Ao lado de ti minha bela e tão amada Julieta. (Bebe) Assim morro, pois sem ti
a vida perde todo o sentido. (se
engasga) Nossa, esse veneno é
rápido mesmo. (Morre)
[Entra a freira]
FREIRA
LOURÊNCIA - Romeu...
Ah, hora terrível! Pobre Romeu. Que fizeste? Trágico fim. Julieta está
despertando.
JULIETA - Onde está meu senhor? Onde está
Romeu? (só então vê o corpo de Romeu)
FREIRA
LOURÊNCIA – Um mal entendido, senhora. Uma tragédia. Um contratempo evitou que seu
amado fosse avisado do nosso plano. Romeu pensou que você estivesse morta... se
matou, o coitado!
JULIETA – Não pode ser.
Meu Romeu. Minha vida. Não sou nada sem ti.
FREIRA
LOURÊNCIA -
Estou ouvindo um barulho. Senhora, abandona este antro de morte.
JULIETA: - Ide, parti então, por que não
sairei daqui. (Sai Freira
Lourência) Romeu... Oh, Romeu! Que isto? (Pega o frasco) Oh, ingrato!
Bebeste sem deixar uma gota? Beijarei teus lábios talvez haja um resto de
veneno. (Ouve barulho) Preciso
me apressar. (Ela pega o punhal
de Romeu e apunhala-se. Depois cai sobre Romeu)
[Entram todos]
PRINCESA - Que horror é este que nos fere a
vista?
CAPULETO - Veja mulher... Nossa filha! Sangra.
SENHORA
CAPULETO - Ai de mim!
Minha pobre filha. Morta. Sem vida como uma estátua de mármore. Morta! Quisera
eu não esta entre os vivos para presenciar tal acontecimento.
PRINCESA - Veja Montecchio... Vosso filho.
MONTECCHIO - Nobre príncipe. Quão dor invade minha
alma. Como não bastasse o luto que cobre minha casa pela morte de minha sobrinha,
agora zelo, o corpo do meu amado filho.
PRINCESA - Que tamanha trama acomete Verona em
horas tão sombrias?
FREIRA
LOURÊNCIA - Dos
presentes sou eu o mais suspeito. Serei breve. Romeu aqui sem vida, era marido
de Julieta. Fui eu que os desposei. Vamos... Vou contar-lhes toda essa trama
que culminou nesta grande tragédia. (Ficam
e conversam sem som)
[Entra
Shakespeare]
SHAKESPEARE - Quando os Capuletos e os Montéquios
chegaram e encontraram aquela trágica cena, sentiram toda dor causada pela
consequência de uma rixa que custou a vida dos quais mais amavam. Então Lorde
Capuleto e Lorde Montechio prometeram erguer uma estátua de ouro ao filho do
outro. E assim, sepultaram as desavenças juntamente com seus filhos. E a
história de Romeu e Julieta foi eternizada por várias gerações. Mas... como quem manda nesta peça sou eu, afinal,
a homenagem é para mim, vamos dar vida aos que se foram... QUE A TRAGÉDIA DÊ
LICENÇA AO AMOR. [música “Rapunzel”, de Daniela Mercury]
[Romeu e
Julieta levantam e se beijam. As luzes se
apagam. Fim da peça. A luz com todos em cena.]
F I M
Inspirado na obra origina de Willian Shakespeare
Base da adaptação: Marcondys França
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