Sou professor da rede estadual do
Rio de Janeiro e gostaria de solicitar que alguém fizesse uma investigação
sobre uma prática danosa à Educação, realizada com a intenção do governo obter
melhores resultados no Ideb. Eu explico: o cálculo para se chegar ao índice
leva em conta a nota da Prova Brasil dividida pelo fluxo escolar, isto é, o
tempo que os alunos levam para passar de ano. Tanto a reprovação quanto a
evasão escolar, como consequência, diminuem a nota do Ideb, mesmo que o
desempenho na Prova Brasil tenha sido satisfatório. Bom, além de toda pressão
que os professores já recebem para aprovar os alunos, muitas vezes sob a forma
de assédio moral, as escolas agora tem uma nova maneira de maquiar os números.
Há alguns anos que a rede estadual não contabiliza os alunos evadidos. Quando
um aluno abandona a escola ele tem a matrícula cancelada (tecnicamente é
suspensa, pois ele pode voltar a qualquer momento). Desta forma, ele não
aparece no censo do MEC como evadido, o que aumenta a nota do Ideb da rede.
Indaguei sobre a situação na
minha coordenadoria de ensino. A resposta foi apenas que houve uma mudança de
nomenclatura. Mas obtive de uma inspetora escolar a informação que realmente
esses alunos não entram no cálculo do Ideb. E no mais, ficam as perguntas: por
que mudar a nomenclatura? Como diferenciar alunos evadidos de alunos que
realmente tiveram a matrícula cancelada (por óbito, por exemplo)? Não é
estranho que o fim da nomenclatura “Evadido” para alunos que abandonam a escola
coincida com a saída do Rio de Janeiro do antepenúltimo lugar no ranking do
Ideb para o quarto lugar? Mágica ou maquiagem?
Esta situação deve ser de
conhecimento público. Cabe às autoridades explicarem para a população que os números
refletem a realidade. Caso contrário, o malabarismo com os números (e
nomenclaturas) vai virar moda entre os governos.
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