terça-feira, 25 de outubro de 2011

Comemorar Muammar Kadafi morto!

Alguns meses depois de iniciado os conflitos na Líbia finalmente aconteceu o que muitos previam - morreu o ditador Muammar Kadafi. Fico de boca aberta ao ver as comemorações ao redor do mundo, assim como na morte de Osama Bin Laden, como se a democracia ganhasse com os assassinatos destes "ícones do mal". Em primeiro lugar, o mundo é muito mais complexo do que os maquineístas imaginam. Não existem mocinhos e bandidos no jogo político mundial. Muitos dos que posam de heróis são os vilões para os milhares de iraquianos e afegãos mortos "em nome da democracia". Além disso, que mensagem estes países querem passar para o mundo ao concordarem com execuções sumárias, sem que o princípio básico de ampla defesa diante de um tribunal qualificado (afinal de contas, não é por isso que a justiça é uma das prerrogativas de uma democracia?) tenha sido adotado? Ao que me parece, vale a máxima de pensar que somente os outros são os "bárbaros". Não se justifica um erro para vingar um outro erro. Lamentável!
Nem de longe quero aqui defender a figura do ditador líbio ou do terrorista da Al-Qaeda, apenas defendo que eles recebam o tratamento como qualquer criminoso receberia. Aplaudir e repetir gestos que outrora eles faziam com seus inimigos é equiparar-se a eles. Simples assim.
Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: O que os "guardiões da democracia" tem a falar sobre o massacre étnico em Ruanda (que matou cerca de 800 mil tutsis, etnia rival dos hutus, e indiretamente foi financiado com o dinheiro do Banco Mundial e do FMI), quando o presidente Bill Clinton teve a chance de intervir e preferiu declarar que aquilo era um assunto interno ruandês? Por que não invadiram o Sudão enquanto 400 mil pessoas (sem contar os 2 milhões de refugiados) eram assassinadas pela milícia janjawid em Darfur, mesmo tendo provas do envolvimento do governo de Omar al-Bashir (ditador, desde 1989, que financiava as milícias árabe-muçulmanas)? E o que dizer da Síria atual onde o governo de Bashar al-Assad manda atirar na multidão de opositores do seu regime. Se há um interesse verdadeiramente humanitário nas iniciativas da ONU, por que não aumentar os esforços para diminuir os números da fome na África, que promete ceifar a vida de 13 milhóes de pessoas (750 mil pessoas, somente na Somália, até o fim deste ano).
Tudo isso só me dá a certeza de que todos nós estamos sendo enganados, pois querem nos impor o que é justo, o que é prioridade e com o que devemos nos preocupar. Vamos acordar, gente! Não sejamos fantoches nas mãos da imprensa comprada pelos interesses das potências internacionais. Não há nada para comemorar na Líbia. a democracia está tão longe dos líbios como nós estamos de receber uma resposta convincente para as perguntas acima.

Um comentário:

Sabrina Andrade disse...

Oi Professor (:
Não sei se vc se lembra de mim, vc me deu aula na 8ª série, eu acho rsrs
Amei o seu blog, os textos e suas ideias.
Estou seguindo aqui ;D
Bj
Sabrina

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saahandradee.blogspot.com

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