segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O PROCESSO DE DESUMANIZAÇÃO DOS JUDEUS COMO FACILITADOR DO HOLOCAUSTO

* Artigo escrito como conclusão do curso de pós graduação em História Contemporânea (Centro Universitário Geraldo Di Biase - 2011)


RESUMO

O presente trabalho tem como objeto de estudo o processo de desumanização dos judeus, obra reforçada na Alemanha dos 1920 até o fim da Segunda Guerra Mundial, enquanto o Partido Nazista esteve em evidência no cenário nacional. Compreende-se que o extermínio de cerca de seis milhões de judeus, no que ficou conhecido como Holocausto, foi possível, dentre múltiplos aspectos, devido ao fato destas pessoas não serem consideradas seres humanos. Ao contrário, a sobrevivência dos judeus era uma ameaça ao mundo, sobretudo aos arianos, devido ao seu caráter parasitário e degenerador das raças.
Palavras-chaves: Antissemitismo, Holocausto, Nazismo, judeus.

ABSTRACT

This work aims to study the process of dehumanization of the Jews in Germany reinforced the work of 1920 to the end of World War II, while the Nazi Party was in evidence on the national scene. It is understood that the extermination of some six million Jews in what became known as the Holocaust was possible, among many aspects, due to the fact these people are not considered human beings. In contrast, the survival of the Jews was a threat to the world, especially the Aryans, due to its parasitic character and degenerate race.
Keywords: Anti-Semitism, Holocaust, Nazis, Jews.


INTRODUÇÃO


O Holocausto certamente é um dos temas mais intrigantes da Idade Contemporânea. Longe de ser objeto de consenso historiográfico, se é que isso pode ser possível em qualquer tema, há inclusive aqueles que defendem a inexistência de tal acontecimento.1
O nosso trabalho pretende mergulhar no universo das possíveis explicações para a Shoah2. Quem de nós não tem uma opinião formada sobre este assunto? No entanto, eis um dos exercícios mais difíceis ensinados com maestria por Marc Bloch: o historiador não deve julgar, apenas compreender.3 E não são poucos os que advertem para o perigo do “tentar entender” se transformar em “justificação”.4 Para Claude Lanzmann, cineasta francês que dirigiu um dos maiores documentários sobre o Holocausto, explicar Auschwitz é um “ato fundamentalmente imoral”, pois, “implicaria o abandono da sensação inicial de espanto, de choque.”5 Talvez seja por tudo isso que nenhum museu ou memorial jamais conseguirá retratar a perseguição nazista aos judeus, pois segundo um sobrevivente sempre faltará o essencial: o horror.6 Nas palavras de Ian Kershaw, “diante de Auschwitz, os poderes de explicação do historiador parecem deveras insignificantes.”7
Mesmo sabendo de todas as dificuldades de enveredar-se por este caminho, decidir por este tema foi um verdadeiro questionamento pessoal. Após conhecer e me aproximar de um sobrevivente do Holocausto, sempre me perguntava o porquê. Como pessoas poderiam chegar ao ponto de assassinar tantos seres humanos? E foi numa leitura completamente diferente do tema que encontrei uma chave para começar a responder a minha pergunta. O historiador José Murilo de Carvalho, ao falar sobre a Guerra do Paraguai, demonstra como ambos os lados envolvidos se esforçavam em retratar o inimigo como um animal ou monstro, através de um processo denominado “desumanização”. Desta forma, a tarefa de matar “o outro” deixa de ser pensado como um atentado à civilidade. A culpa é minimizada e em alguns casos é nula já que não se destrói um ser humano, um semelhante, mas um macaco, um bicho, como no exemplo do conflito sul americano.8
Os nazistas, portanto, não matavam pessoas. Este é o ponto crucial do nosso trabalho. No lugar de seres humanos, o que eles combatiam? Este é a questão que tentaremos elucidar neste artigo.
Primeiramente, quando falamos na morte de aproximadamente seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial, no que ficou conhecido como Holocausto, estamos nos referindo a um tipo de genocídio, conceito elaborado por um judeu polonês refugiado do nazismo, Raphael Lemkin, no início de 1944. Segundo ele um genocídio seria a “destruição de uma nação ou de um grupo étnico por diferentes meios”9, geralmente executados ou incitados por algum grupo organizado ou até mesmo pelo próprio Estado, seja ele legitimado ou não pelo seu povo.
Quanto aos judeus, o consideramos como ligado aos antigos hebreus ou a religião judaica. Existem correntes dentro do judaísmo defendendo que ele deve ter os dois atributos; outros admitem apenas a descendência; alguns mais liberais aceitam inclusive os convertidos à religião. Ficaremos distantes desta contenda já que para um nazista isso pouco importa.10
Ao falarmos nos executores do projeto nazista da Solução Final11 estamos considerando apenas os nazistas12, apesar de entender que milhares de não-judeus, direta ou indiretamente, ajudaram o sistema funcionar. Pessoas que, segundo pesquisas feitas por Kren e Rapport, possuíam poucos indícios de loucura ou sadismo. Até mesmo entre os soldados da SS, cerca de 10% teriam este perfil.13
Inúmeros cientistas sociais já se dedicaram a explicar a Shoah. Um dos aspectos mais explorados é saber se o Holocausto pode ser considerado como MAIS UM dos genocídios existentes na história da humanidade, ou se ele possui aspectos únicos que o diferenciam dos demais. Na defesa da singularidade do evento está, entre outros, Serge Klarfeld14. Segundo ele, o Holocausto é único porque é um drama multifacetado: da civilização europeia, dada sua “cumplicidade” para com um “crime” alemão; da civilização cristã, visto que ocorreu em territórios católicos e protestantes; um drama da modernidade, em função de configurar-se como uma matança em escala industrial e de um “triunfo” da burocracia e da racionalidade, levadas às últimas conseqüências; da natureza humana, pois é fruto do pensamento racista. É ainda um drama indizível, pois se tornou um tabu, ameaçado de esquecimento ou de negação; por último, é uma experiência secular, devido ao histórico antissemita.15
Outra linha de explicação para a Shoah é interpretá-la como o auge da história do antissemitismo. Um dos maiores especialistas no tema, Raul Hilberg16, apresentou uma linha do tempo na qual podemos perceber a transformação pela qual passou a relação entre judeus e não-judeus. Um primeiro momento caracterizado pelo autor seria a exclusão, segregando os judeus como forma de evitar sua indesejada presença. O segundo momento seria o da conversão, quando a Igreja Católica tolerou a presença dos judeus, desde que passassem a professar a fé cristã. Por fim, o anti-judaísmo de cunho religioso acabou por ser suplantado pelo anti-judaísmo de cunho racista. Como bem escreveu Hannah Arendt, umas das estudiosas do antissemitismo, “os judeus puderam escapar do judaísmo pela conversão, mas da qualidade de judeus não havia escapatória”.17 Surgem, então, as teorias que pregarão a eliminação da “raça” judaica. O Holocausto seria a culminância deste último momento.
Alguns autores irão relativizar o aspecto antissemita, afirmando que este, sozinho, não é capaz de dar conta da complexidade do Holocausto. Para esses estudiosos, as mudanças trazidas pela modernidade foram fundamentais para o sucesso desta empreitada. Ícone desta corrente, Zygmunt Bauman18 nos chama a atenção para a grandiosidade e complexidade do trabalho de extermínio, fato impossível de ser realizado sem uma moderna estrutura burocrática e um sistema industrial da morte.
Uma outra corrente defende que o Holocausto foi tão-somente mais uma ação do programa do partido nacional-socialista. Dentre eles, ainda podemos fazer uma distinção entre os que acreditam que o extermínio dos judeus já estava claramente sistematizado nos planos de Hitler desde o início do III Reich, esperando apenas o momento certo para fazê-lo – os chamados intencionalistas -, e os que defendem a existência de uma ideia genérica de “Solução Judaica”, de uma “Alemanha Limpa”, mas sem uma direção prática para implantá-los – os chamados funcionalistas.19
Para fechar este primeiro grupo de autores - que não questionam a existência do Holocausto - encontramos alguns especialistas que destacam os aspectos psicológicos por detrás deste evento. A socióloga Helen Fein, por exemplo, fala em um contexto, gestado e colocado em prática pelo governo nazista, no qual os alemães foram retirados temporariamente de seu estágio civilizatório, quando “as pessoas podem agir sem considerar a possibilidade de estar ferindo outras.”20 Em outras áreas do conhecimento, para além das ciências sociais, pesquisadores buscam demonstrar como o ser humano pode se tornar cruel em determinadas circunstâncias, seja porque coloca a responsabilidade dos seus atos em terceiros, seja porque veem despertar dentro de si instintos “bárbaros” quando colocados em situações específicas.21
Por fim, não poderíamos deixar de falar daqueles que buscam provar a inexistência de um Holocausto, enquanto evento genocida de proporções gigantescas. Essa vertente historiográfica é conhecida como revisionista ou negacionista. Este grupo que advoga que o Holocausto não passa de uma falácia - não nega que, durante a II Guerra Mundial, milhares de judeus morreram. Negam, porém, que tenha havido um plano oficial por trás de tais mortes, visto que estas foram decorrentes da própria situação em que estavam expostos: doenças, fome, frio. Além disso, outros grupos também foram vítimas dos nazistas, fato que não teve a mesma repercussão que as mortes dos judeus. Para eles, isso se deve a uma tentativa de colocar os judeus como vítimas, justificando inclusive a implantação do Estado de Israel.22
Acreditamos que a relevância de nosso objeto de pesquisa reside justamente na ênfase a uma das missões mais caras ao historiador. Nas palavras de Eric Hobsbawn, "a destruição do passado [...] é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres [...]", posto que "os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem". Os historiadores são tão importantes, conclui ele, porque seu ofício é lembrar o que outros esquecem.23 Além disso, é comum encontrar nas salas de aula, quando abordamos este tema, dúvidas sobre como uma pessoa é capaz de cometer semelhante barbárie com outro ser humano. Muitos dos jovens acreditam que todo aquele ódio é algo distante da realidade deles, mas se esquecem de que o ódio extremo se inicia com intolerância e preconceito presentes em toda e qualquer cultura. Uma experiência que serviu de base para um filme tentou mostrar esta realidade.24


I. O ANTISSEMITISMO ATÉ O SÉCULO XIX


O grande filósofo Jean Paul Sartre chegou a afirmar que “se o judeu não existisse, o antissemita inventá-lo-ia.”25 Parece uma boa conclusão quando descobrimos, em diferentes épocas, locais onde não existem judeus e mesmo assim pode-se notar traços de antissemitismo na sociedade.26
Alguns podem dizer genericamente que se trata de um caso típico de “bode expiatório”. Nesta expressão, está presente a ideia de que uma pessoa ou grupo é culpabilizado por algo, sendo alvo de múltiplas emoções - como a raiva e o medo – que poderiam prejudicar a coesão social se não fossem expiadas nestes indivíduos.27 No entanto, esta teoria é duramente atacada por Hannah Arendt. Utilizar esta expressão para explicar a perseguição aos judeus é esconder a seriedade do antissemitismo e as causas que colocaram este povo no centro destes eventos. Afinal de contas, pergunta a autora, isso “não significa que o bode expiatório poderia ser qualquer outro grupo?”28 Por que os judeus?
Antes de continuar, é importante mencionar que a palavra “antissemitismo” contém um erro grave. A palavra “semita” ou “semítico” diz respeito à língua, excluindo-se a etnia ou a religião. Além do hebraico, o árabe, por exemplo, também é semita. Foi o uso do termo que tradicionalmente foi sendo relacionado somente aos judeus. Somente na segunda metade do século XIX que surgiu esta nomenclatura. O alemão Wilhelm Marr queria usar uma palavra que diferenciasse o antijudaísmo de sua época do precedente. Desta distinção trataremos mais adiante. Por ora, veremos como a manifestação do antissemitismo precedeu e muito o surgimento da palavra.29
A origem deste sentimento em relação aos judeus é bem antiga. Para Yehuda Bauer, professor da Universidade de Jerusalém, esta perseguição tem raízes culturais. Alguns princípios do judaísmo como a igualdade e as críticas à escravidão e à autoridade fizeram deste povo um perigo na Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma, que não poderiam tolerar tais idéias, completamente contrárias às bases de suas sociedades.30 Além disso, os judeus incomodavam pela sua cultura de não assimilação. Para muitos, esta última atitude era, na verdade, uma resposta aos ataques e não uma característica intrínseca do povo judeu.31
Na Diáspora da época Romana o judeu espalhou consigo o antijudaísmo, carregado de dois aspectos – ser diferente e ter outra religião.32 Antes mesmo de o Cristianismo se tornar a religião oficial do Império, vários escritos da Igreja já condenavam os judeus. Durante a Idade Média, eles recebiam as mais variadas descrições: “filhos do próprio diabo”, “um povo ímpio e insociável”, “não inventaram nada de útil na vida”, “não produziram nem homens notáveis nem sábios ilustres”, “tentaram corromper os costumes”, “exalam mau cheiro”, “uma nação perniciosa às outras”, “para eles é profano tudo aquilo que é sagrado para nós”, “desordeiros e sediciosos”, “têm chifres, orelha de porco, barba de bode, rabo e soltam um odor mefítico” “pestes do universo”, “inimigos de Deus”, “rebeldes”, “raça de víboras”, “delatores”, “caluniadores”, “fermento farisaico”, “malditos execráveis”, “apedrejadores”, “inimigos de tudo o que é belo”, “corrompidos, devassos e cúpidos”. As sinagogas eram vistas como “um antro de bandidos, a sede dos demônios e da idolatria” e suas preces são comparadas ao grunhido de porcos e ao zurrar dos asnos.33
O antissemitismo da população era baseado em idéias como o deicidio34, a profanação da hóstia sagrada35 e aos supostos rituais macabros36 realizados pelos judeus. Em diversos lugares eles eram marcados, seja por uma mancha, um chapéu, através de um sino ou uma cor específica de roupa.37 Aos poucos foram surgindo os guetos, na mesma época em que os judeus começaram a sofrer com os ataques de cristãos – os chamados pogroms38. Este isolamento acabou por reforçar o que mais caracterizava os judeus, oportunizando a manutenção da cultura judaica e dos laços de união diante de um agressor externo.
Mesmo sabendo que a base religiosa era fundamental para a perseguição aos judeus na Idade Média, não podemos deixar de mencionar outros. Proibidos de possuírem terras, aos judeus só restaram o comércio e o crédito. Soma-se a isso o fato de que a usura era considerado um pecado pela Igreja Católica e proibido aos cristãos. Aos poucos a associação dos judeus com o dinheiro tornou-se muito forte, a tal ponto que a imagem do “judeu avarento” ser uma das mais presentes até os nossos dias.39
Não importa qual seja o argumento, a origem é a mesma. Era chamado de revolucionário ou reacionário, comunista ou capitalista, acusado de ser isolacionista ou querer se misturar. Segundo Paulo Geiger40, “os motivos são alegações, racionalizações e explicações de um preconceito necessário.” Os judeus, na expressão utilizada por Anna Zuk, eram uma “classe móvel”: podia ser percebida como inferior para as elites e, ao mesmo tempo, esnobe para as classes baixas.41
Passando da Idade Média para a Moderna, não pensemos que a Reforma Protestante aliviou a situação dos judeus. Dois dos ícones deste evento, Lutero e Calvino, possuem escritos reveladores que transbordam antissemitismo. O primeiro, em sua obra “Sobre os judeus e suas mentiras” orientava seus fiéis a queimarem sinagogas, além de escrever que “eles são filhos do diabo, condenados às chamas do inferno.”42 Já Calvino dizia que “os judeus estupidamente devoram todas as riquezas da terra com sua cupidez desenfreada.”43
Nem mesmo um movimento que inspiraria a emancipação dos judeus tempos depois deixou de ter seus textos antissemitas. Um dos maiores nomes iluministas, Voltaire, teria afirmado em um artigo “Juifs”, no Dictionnaire Philosophique: “Em suma, consideramo-los apenas um povo bárbaro e ignorante, que há muito uniu a mais sórdida avareza a mais detestável superstição e ao ódio mais invencível pelos povos que os toleram e os enriquecem. Devíamos ainda simplesmente queimá-los.”44
Percebemos que no decorrer da sua história o judeu foi sempre o diferente. E é justamente esta diferenciação que provocava a discriminação, pois o preconceito não ocorre com alguém semelhante ao preconceituoso. Neste aspecto, argumentaria a psicanálise, o antissemitismo é antes de tudo um fenômeno psicológico, que só depois se torna social.45
Por fim, há uma corrente que enxerga com outros olhos a história das perseguições aos judeus. Para esses autores não existe um antissemitismo. Pelo contrário, são os judeus que sempre quiseram se isolar pelo mundo, inclusive praticando uma espécie de eugenia46, para se defenderem da competição com os não judeus. O que alguns chamam de antissemitismo nada mais seria do que uma reação natural, algo como um “contra-ataque” do mundo diante desta atitude. A culpa do antissemitismo seria, portanto, dos próprios judeus.47


II. O “ANTISSEMITISMO RACIAL”


Os ideais da Revolução Francesa exportaram a “necessidade” de igualar juridicamente todos os cidadãos. Neste embalo, o século XIX foi o momento em que os judeus saíram dos guetos e iniciaram um processo de emancipação, sendo inseridos civilmente na sociedade, com os mesmos direitos e deveres dos demais cidadãos.
No início, alguns judeus não comemoraram esta emancipação. O direito ao voto e ao serviço militar implicaria também o abandono ao seu estilo de vida, com seus velhos controles comunitários.48 Com o passar do tempo, se acostumaram e houve uma aculturação.No entanto, mesmo que tivessem deixado de ser parias políticos e civis, os judeus continuavam sendo parias sociais.49
No século do cientificismo, as teorias raciais viriam para fornecer uma nova (sem excluir as outras) justificativa para o antissemitismo. Ou seja, a assimilação dos judeus nas sociedades europeias supostamente os colocaram em situação de igualdade. Era preciso, portanto, diferenciá-los de modo permanente.50 Explode a noção do judeu como uma raça degenerada e que deve ser separada e até destruída do convívio com as demais, sob a grave possibilidade de contaminá-las. Os judeus fizeram uma conversão de “forasteiros religiosos” a “forasteiros étnicos”51
No contexto alemão, as teorias raciais eram somadas às “descobertas” do passado glorioso e o resgate dos arianos. O que se seguiu, nas palavras de Leon Poliakov, foi um verdadeiro “maquineísmo racial” entre estes últimos e os semitas.52
O nazismo não tirou suas idéias do vazio. Cientistas buscam classificar os seres humanos em raças desde o final do século XVII. Cerca de um século depois, um médico alemão, Johann Friedrich Blumenbach, encontrou 5 grupos humanos. No século XIX, sob influência ou não de Darwin53, vários estudiosos encontraram 3, 4, 7, 11 ou 12 raças. No século XX, etnólogos corrigiam esta informação e diziam ser 29. Outros chegaram a incrível marca de 38 raças.54
Uma das maiores influências, neste sentido, para o pensamento de Hitler foi Chamberlain, para quem a história da humanidade é a da luta entre as raças. Os arianos, dizia ele, são os únicos com a capacidade de dominar o mundo. No entanto, os judeus aos poucos teriam corrompido o sangue dos arianos. Não havia remédio melhor do que eliminar o contato entre os dois. Somente assim a raça ariana poderia restaurar a sua força de “homens deuses”55
Outro nome importante foi Gobineau, defendendo que as raças brancas, sobretudo os arianos, estão na origem das grandes civilizações. De forma parecida com Chamberlain, dizia que a miscigenação levava à degeneração racial.56 Porém, diferente dele, não execrava os judeus. No seu “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas” (1853-55), Gobineau fazia referência a eles como “um povo livre, um povo forte, um povo inteligente (...) que (...) fornecera ao mundo quase igual número de doutores que de mercadores.”57
Para concluir a galeria dos cientistas, abrimos espaço para Francis Galton. Mergulhado na ideia de darwinismo social, este pesquisador defendia a política de casamentos seletivos como meio de “melhorar” a humanidade. Galton criou um termo, em 1883, para designar esta nova área da ciência: eugenia (bem nascer).58 O pressuposto aqui era que o fator fundamental para determinar as qualidades humanas, como a inteligência, seria a herança genética. O que veremos no nazismo é a adaptação desta chamada “eugenia positiva” – orientando a reprodução – para uma “eugenia negativa” – exterminando os considerados “geneticamente incapazes”.59 Na Alemanha, esta ciência recebeu o nome de “higiene da raça”.60
Além destes cientistas mais famosos, encontramos na academia uma preocupação intensa em estudar o povo judeu. Na segunda metade do século XIX, Gustave Le Bom, em uma revista científica, dizia que “entre seus sentimentos, suas idéias e os dos povos arianos, existem verdadeiros abismos.”. Em outro trabalho, uma tese de doutorado, o doutor Henry Meige fala sobre o “judeu errante” como uma “patologia nervosa”, evidentemente como “uma característica de sua raça.”61
Ainda como consequência da emancipação, multiplicaram-se casos de pogroms pela Europa, sobretudo na parte oriental. Na Rússia, o próprio governo incitava o antissemitismo. No início do século XX, patrocinado pelo czar Nicolau II, foi amplamente divulgado um suposto plano de dominação do mundo pelos judeus – O Protocolo dos Sábios de Sião. Antes disso, o procurador do Santo Sínodo teria dito: “que 1/3 dos judeus emigrem, 1/3 se converta ao cristianismo, e 1/3 morra.” Já um ministro prometera que deixaria “a situação na Rússia tão intolerável que os judeus serão forçados a emigrarem até o último homem.” Em momentos de crise estouravam-se dezenas, até centenas de ataques a judeus. Somente no ano de 1905, quando o país foi derrotado na guerra contra o Japão, foram 690 pogroms.62
Mesmo na parte ocidental da Europa surgiam associações antissemitas e era raro algum partido político não colocar a questão judaica na sua plataforma.63 Declarar-se inimigo dos judeus era uma forma de conquistar seguidores.64 Um estudo mostrou que de 51 escritores alemães antissemitas, entre 1861 e 1895, 19 deles admitiam o extermínio físico dos judeus.65 Neste último país, nas décadas de 1870 e 1880, mais de 500 escritos e livros antissemitas foram publicados.66 Na França, justamente onde um século revolucionários clamavam por igualdade, a ralé gritava “morte aos judeus”. Obras preconceituosas como “A França judaica”, de Marpon e Flamarion eram até best-sellers.67 Um caso ganhou repercussão e expôs ao mundo o tamanho do preconceito com os judeus neste país. O capitão Alfred Dreyfus foi acusado e condenado por espionagem. Tempos depois ficou provado o erro e o capitão foi considerado inocente. Não obstante, a população, pelo fato de Dreyfus ser judeu, continuou a considerá-lo um traidor.68
Por último, Bauman não nos deixa esquecer que “numa época de nacionalismos exacerbados, o judeu era uma nação sem nacionalidade, um estrangeiro em seus países, porém diferentes dos outros – um ‘inimigo interno’”. Num século que se exalava nacionalismo, os judeus eram o “vazio nacional”.69
Neste contexto, o sionismo surge, então, como uma resposta. Este movimento é baseado em preceitos teológicos, a posse da Terra Prometida, e é retomado em seu aspecto político social, como defesa diante dos ataques antissemitas e como desejo de viver em um lugar em que os judeus tivessem voz e comando.70
Mesmo que não fosse um movimento significativo, se considerarmos a totalidade da comunidade judaica na Europa, o sionismo influenciou, em parte, milhares de judeus começarem a migrar para a Palestina durante a segunda metade do século XIX.71


III. O NAZISMO E O PROCESSO DE DESUMANIZAÇÃO DOS JUDEUS


A tarefa de analisar as características do regime nazista está muito além do que este curto espaço permite. No entanto, parece essencial que alguns aspectos deste período da história alemã sejam apontados para contextualizar o nosso objeto.
O nazismo é visto como a versão alemã do fascismo e incluído na tipologia de governo denominado totalitário, visto que se caracterizou como um regime que controlava os aspectos público e privado da sociedade, extrapolando a autoridade legítima de um Estado.72 O ambiente que o gestou foi peculiar: um governo democrático frágil, polarização entre a esquerda e a direita nacionalista, crise econômica e, por fim, a figura de um líder incorporando os símbolos nacionais.
Muitos autores argumentam que uma das chaves do êxito, neste momento, do nazismo foi transformar um contexto completamente desanimador em trampolim para a construção de um mito da grandeza da nação. Ao forjar o Volks alemão - uma unidade cultural e sobretudo da raça ariana – este movimento mascarou os conflitos internos e fez o país acreditar que faria parte de um Império de mil anos – o III Reich.73
Uma boa parte do ideário nazista consistia no culto à personalidade do Füher. As referências que se fazia a Hitler passavam por “um líder sábio e onisciente.”, “gênio” e chegava ao ponto de ser descrito como “um novo e mais poderoso Jesus Cristo” ou “o verdadeiro Espírito Santo”. Ele próprio se considerava um salvador. Algumas mulheres escreviam pedindo para ter a honra de ter um filho dele.74 Já na década de 1930, por onde passava Hitler era acompanhado por uma multidão.75 O encontro com o Füher era uma experiência impactante para muitos. Um alto magistrado alemão, diante do carisma daquele pequeno austríaco, confessou: “Sobreveio, então, o grande arrepio de satisfação. Fitei-o nos olhos, ele fitou os meus e depois disto só tive um desejo, voltar para a minha casa, a fim de ficar só com aquela imensa impressão que me esmagava.”76 Não foram poucos os que entraram no NSDAP deslumbrados pela figura de Hitler.77
Não obstante, qualquer menção sobre o nazismo que não leve em conta no seu cerne a questão racial se configura como incompleta. Para Hitler, este assunto não estava na pauta e sim era o grande objetivo. A fonte mais extensa sobre o ideário do Füher é o famoso Mein Kampf (Minha Luta), escrito em meados dos anos 1920, quando ele esteve preso após uma tentativa de golpe fracassada. A leitura atenta desta obra, somado às inúmeras manifestações de Hitler ao longo de sua vida, revelam que o seu antissemitismo era obsessivo.78
Os judeus passaram por um processo longo de assassinato. Na visão de Georges Bensoussan, antes mesmo da morte física, o nazismo primeiramente forçou os judeus a uma “morte civil”, excluindo-os de funções públicas e dos meios culturais. Em seguida, com as Leis de Nuremberg79, segregou os judeus dos “verdadeiros” alemães, foi a “morte política”. E depois, ainda imprimiu uma série de medidas que levaram à ruína os negócios e os empregos daquele povo, configurando uma “morte econômica”.80 E não podemos esquecer que estes objetivos eram abertamente divulgados. Quem apoiou o nazismo devia saber que esta posição também implicava a exclusão dos judeus. Já em 1920, quando foi escrito o programa do partido, o item de número 4 dizia que “somente os membros do povo podem ser cidadãos do Estado. Só pode ser membro do povo aquele que possui sangue alemão (...) nenhum judeu, portanto, pode ser membro do povo.”81 Uma intensa operação de propaganda antissemita foi desencadeada após a ascensão do nazismo. Jornais, livros (inclusive infantis),revistas e o cinema foram utilizados para reforçar a imagem negativa dos judeus. O aparato educacional foi direcionado para multiplicar esta rejeição.82
A luta contra o judaísmo ganhou contornos apocalípticos, uma batalha entre o bem e o mal. Hitler via o Diabo com um trejeito judeu e dizia que Cristo, ariano para os nazistas, foi o primeiro antissemita.83 Para o Füher, lutar contra o judaísmo era realizar obra de Deus.84
Apesar desta conotação religiosa, a questão racial, na expressão utilizada por Richard Overy, ganhou status de “biologia política”, sendo necessário limpar o corpo da nação alemã das ameaças biológicas.85 Os nazistas se transformaram em verdadeiros “soldados biológicos”. 86 Este foi o caminho que levou à desumanização dos judeus.
Ao utilizar uma linguagem médica para justificar o ódio aos judeus, o nazismo pegava emprestado algumas noções da eugenia e conferia um caráter científico à questão judaica. A sociedade alemã era vista como o corpo e como tal sujeito à vários tipos de doenças. Para manter este organismo saudável era preciso eliminar o perigo do contágio diante de “parasitas”, “bacilos”, “vermes”, “tumores cancerosos”, “bactérias” etc. Nenhum grupo foi tão identificado com estes nomes do que os judeus.87 Nas palavras de Saul Friedlaender, “a identificação do judeu com a contaminação representou o móvel autêntico e fundamental para sua aniquilação.”88 Não havia escolha: era preciso eliminá-los, pois como bem observou Bauman, mesmo fora da Alemanha “os judeus continuariam a produzir erosão e desintegração da lógica natural do universo.89
Para Hitler, o grande papel do Estado era a sua conservação racial.90 O judaísmo é visto como “fermento de decomposição dos povos e raças e, em sentido mais vasto, de ruína da cultura humana.”91 No Mein Kampf, são inúmeras as referências ao judeu como seres desprovidos de humanidade. Seguindo a analogia com o corpo, ele diz: “quem abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de vermes nos corpos putrefatos.” Em seguida, os judeus são culpados pela Peste Negra medieval e visto como seres “portadores de bacilos da pior espécie”. Mais adiante, Hitler avança nesta visão ao dizer que o judeu “é e será sempre o parasita típico, um bicho, que, tal como um micróbio nocivo, se propaga cada vez mais, assim que se encontra em condições propícias (...) o povo, que o hospeda, vai se exterminando mais ou menos rapidamente.” Ainda podemos ver outras referências como “uma verdadeira sanguessuga” e “piolheira judaica” nesta obra que se tornou um manual para os nazistas.92 Já durante a Segunda Guerra, o Füher afirmou que “o combate que travamos é da mesma natureza que o combate travado no século passado por Pasteur e por Koch.”93
A noção de higiene racial não era difundida apenas pelo líder nazista. Vários outros membros importantes também faziam referência à necessidade da Alemanha fazer um favor ao mundo, como diria o Ministro da Propaganda Goebbels: “Nossa tarefa aqui é cirúrgica, incisões drásticas, senão algum dia a Europa perecerá da doença judia.”94 Em outra oportunidade ele disse: “não podemos tolerar as bactérias, os vermes e a peste. O asseio e a higiene nos obrigam a torná-los inofensivos, exterminando-os.”95 Pode-se até pensar que tais textos fazem parte da manipulação nazista. Mas os mesmos argumentos eram expostos no âmbito pessoal e não somente nos discursos públicos. O mesmo ministro fez registro em seus diários lembrando dos judeus como “eczema peçonhento no corpo de nossa nação enferma” e afirmou: “os judeus podem nos destruir se nós não nos defendermos contra eles. É uma luta de vida ou morte entre a raça ariana e o bacilo judeu.”96
Outro ministro de Hitler, Himmler, teria dito que o antissemitismo é a mesma coisa que a eliminação de piolhos, desembaraçar-se das pulgas não é uma questão de filosofia, é uma questão de higiene.”97
Talvez o mais radical dentre os oficiais nazistas tenha sido Julius Streicher, que publicava o jornal antissemita “Der Stümer” e escreveu o famoso livro infantil “O Cogumelo venenoso” (o judeu, evidentemente, era o personagem principal da obra). Ele dizia que “um único coito de um judeu e de uma ariana basta para envenenar o sangue desta.” Proibições como a de aceitar leite de mães judias ou compartilhar fontes de água, até mesmo para tomar banho numa piscina, demonstravam o medo que se possuía de uma contaminação. Chegou-se à situações no mínimo bizarras, como de uma resolução na Baviera que proibia o cruzamento com gados comprados de judeus afim de evitar uma epidemia.98
O próprio Zyclon B, utilizado nas câmaras de gás, era um produto fabricado para matar insetos parasitas. Este processo de desumanização dos judeus explica, em parte, a ausência de bloqueios morais e éticos na utilização destes indivíduos como ratos de laboratório em experiências bizarras. Uma passagem do depoimento de Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, durante o Tribunal de Nuremberg99, é salutar para compreendermos como funcionava a moral do nazista. Se defendendo da acusação de furtar pertences dos judeus que entravam naquele campo, Höss afirmou: “Mas isso teria sido contra os meus princípios (...) não teria sido honesto.”100 Claro! Assassino de judeus com muito orgulho, mas ladrão não, aí já é demais.
Retirar a humanidade dos judeus foi uma das tarefas fundamentais para o projeto de morte sistemática deste povo. E, ao que tudo parece, os nazistas tiveram sucesso nesta operação. Relatos de sobreviventes mostram como foi dura esta realidade. Uma delas, que não passou pelos Campos101, escreveu em suas memórias: “Durante a guerra aprendi uma verdade que geralmente preferimos não enunciar: que a coisa mais brutal da crueldade é que ela desumaniza suas vítimas antes de destruí-las. E que a luta mais árdua de todas é permanecer humano em condições desumanas.”102
Em Auschwitz, os prisioneiros se transformavam em números, que eram tatuados em seus braços de modo semelhante ao que se faz com o gado. Militares alemães se referiam aos judeus como peças. Primo Levi, químico e judeu italiano, que passou por este campo e deixou obras memoráveis de suas experiências, conta a história de um Kapo103 que foi repreendido quando se referiu aos prisioneiros como “homens”. Ele conta ainda que no Campo, “alimentar-se” se indicava com a palavra fressen, verbo que em bom alemão só se aplica aos animais. Levi continua falando que todas as humilhações (falta de higiene, nudez, alimentação) por quais eles passavam, mesmo que indiretamente os transformavam em bichos. 104


CONCLUSÃO


O final desta história todos já conhecem. O Holocausto ceifou a vida de cerca de seis milhões de judeus, representando 65% da população judaica na Europa e 30% do mundo.105 Alguns discordam do cálculo, exigindo o rigor dos gélidos números. Será que importa alguma coisa dizer que em vez de seis foram quatro milhões? Parece uma discussão sem sentido, que não leva a lugar algum.
O que parece importante é, por exemplo, compreender como é possível uma pessoa superar todo este sofrimento e retomar a vida que foi, boa parte dela, mutilada nos Campos. Os efeitos psicológicos nos sobreviventes não entram nas estatísticas dos revisionistas, mas as palavras de Primo Levi revelam uma dura realidade: “Quem sofreu o tormento não poderá mais ambientar-se no mundo, a miséria do aniquilamento jamais se extingue. A confiança na humanidade, já abalada pelo primeiro tapa no rosto, demolida posteriormente pela tortura, não se readquire mais.”106
Em uma época em que o neonazismo é uma triste realidade, quando temos jovens desenhando a suástica sem ter a mínima noção do que ela representou para o mundo, urge uma reflexão: será que lembramos o suficiente? Para responder recorro a Bauman, que faz uma crítica fundamental da nossa sociedade. Ficaríamos felizes se pudéssemos provar que o Holocausto foi orquestrado por maníacos assassinos, ou ainda se pudermos continuar considerando a Shoah como um evento dos alemães e dos judeus. Diferente disso, este evento tem muito a dizer sobre a nossa sociedade, foi ela que permitiu o Holocausto, esta mesma coletividade moderna, civilizada e racional. Fugir disto é uma espécie de “autocura” da sociedade.107
Não foi nossa intenção neste trabalho afirmar que o antissemitismo explica, por si só, o Holocausto. Aliás, deixamos claro desde o início a dificuldade em tratar deste tema. Antes, consideramos que o antissemitismo e o processo de desumanização dos judeus foi um dos fatores que nos fazem compreendê-lo. Aquela tentativa de esclarecimento que, ao nosso ver, chega mais perto da realidade é a defendida por Sarah Gordon. Esta autora apresenta uma soma de fatores: a) um antissemitismo radical; b) um estado Totalitário que tivesse como ideário este ódio aos judeus; c) um aparato burocrático impecável para executar os desejos deste estado; d) uma situação de emergência, como de fato a Segunda Guerra proporcionou; e) adesão ou indiferença da população em relação ao extermínio.108 Esta seria, apesar de não gostar desta expressão, a “fórmula” do Holocausto.
No início deste estudo, fiz referência a um sobrevivente que teria me inspirado na escolha deste tema. Trata-se de Aleksander Laks, um judeu que faz questão de dizer que é brasileiro, apesar de “por acaso” ter nascido na Polônia. Em seu livro109, ele conta a sua história e deixa algumas lições. Uma delas não está no corpo do texto, mas pode ser lida para quem pede uma dedicatória, como este que vos escreve. É com ela que encerro, na torcida de ter contribuído, mesmo que de forma minúscula, para o desejo de Laks.

Espero que o meu passado não seja o futuro de ninguém


REFERÊNCIAS

1 Bacharel e licenciado em História; Especialista em História Contemporânea.
2 Referimos-nos aos revisionistas ou negacionistas, de quem falaremos mais adiante.
3 Shoah, palavra hebraica que significa “destruição, ruína, catástrofe”, é como os judeus preferem se referir ao Holocausto, já que esta última expressão, de origem grega, significa “sacrifício a Deus”, o que levaria a uma interpretação específica sobre este evento. Paul Celan não usava nenhuma das duas palavras, preferindo a expressão “was geschah” (“aquilo que aconteceu”). Ver CAVALCANTI, Ania. O universo concentracionário nazista de 1933 a 1945 e a implementação da “Solução Final” da Questão Judaica, 1941-1945. Aula do curso "Panorama Histórico do Holocausto", USP,  agosto de 2008. Disponível em: Acessado em: 29/10/2010.
4 BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001, p.125-128.
5 ROSENFIELD, Denis. O Mal e a Razão. In: FUKS, Saul (org.). Tribunal da História: julgando as controvérsias da história judaica. Rio de Janeiro: Relume: Centro de História e Cultura Judaica, 2005, pp. 210-211.
6 LESSA, Renato. Pensar a Shoáh. In: FUKS, Saul (org.). Op. Cit., p. 229. O documentário dirigido por Lanzmann, com mais de 9 horas de duração, é o Shoah (1985).
7 CYTRYNOWICZ, Roney. As formas de lembrar e a história do Holocausto. In: MILMAN, Luis; VIZENTINI, Paulo Fagundes (orgs). Neonazismo, Negacionismo e Extremismo Político. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 2000. Disponível em: . Acesso em: 23/09/2010.
8 Apud HOBSBAWN, Eric. A Era dos Extremos. O breve século XX: 1914-1991. Companhia das Letras. São Paulo, 1995, p. 113.
9 CARVALHO, José Murilo de. Forças Armadas e políticas no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006, pp. 181-182.
10 Apud CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Holocausto: História e Memória, p. 28; In Nunca Mais – educando para a cidadania e a democracia. 1ª jornada interdisciplinar Intolerância e Holocausto: como estudar e ensinar. Rio de Janeiro. Secretaria do Estado do Rio de Janeiro, 2010.
11 FONTETTE, François de. História do Antissemitismo. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1989. A lei rabínica tradicional entende como judeu aquele que é nascido de mãe judaica ou convertido legitimamente ao judaísmo. Vide BARON, Salo W.. História e Historiografia do povo judeu. São Paulo: Editora Perspectiva, 1974, p. 121.
12 O eufemismo “Solução Final” teria sido a decisão tomada na Conferência de Wannsee (janeiro de 1942) determinando o extermínio em massa de todos os judeus presentes nos territórios ocupados pela Alemanha. Ver FONTETTE, François de. Op. Cit., p. 108.
13 Chamaremos de nazistas, no nosso estudo, apenas os membros do partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP).
14 No estudo “The Holocaust and the Crisis”, Apud BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1998, pp.38/39.
15 Ficou conhecido, junto com outras pessoas, como “caçador de nazistas”, procurando e juntando provas para levar os executores do Holocausto para a justiça. Escreveu trabalhos sobre as crianças no Holocausto.
16 Apud CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Op. Cit.
17 HILBERG, Raul. The Destruction of the European Jews.
18 Apud BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., p.81.
19 BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit.
20 Sobre a distinção entre historiadores intencionalistas e funcionalistas, ver BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., p. 129.
21 Apud BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., p. 23.
22 Sobre a primeira experiência, ver Stanley MILGRAN. The Individual in a Social World. Quanto à segunda, ver Curtis Banks & Philip Zimbardo. Interpersonal Dynamics in a Simulated Prision. Ambos em BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., pp. 181-190; 194-195.
23 Além dos prisioneiros de guerra, ciganos, Testemunhas de Jeová, homossexuais, doentes mentais e físicos estão presentes na lista dos que foram mortos pelo governo nazista. Os revisionistas ou negacionistas possuem uma grande aceitação entre os neonazistas e os “inimigos de Israel”, como alguns países islâmicos. A internet é o principal veículo de divulgação dessas ideias no Ocidente, já que em muitos países a legislação proíbe este tipo de conteúdo, geralmente antissemita. Uma obra completa para este tema é MILMAN, Luis; VIZENTINI, Paulo Fagundes (orgs). Op. Cit. Sobre as críticas de um suposto uso político e econômico do Holocausto, ver FINKELSTEIN, N.G.. A Indústria do Holocausto. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record, 2001. Disponível em Acessado em 03/01/2010.

24 HOBSBAWN, Eric. Op. Cit., p. 13.
25 "A Onda"  [ The wave]  –  Dur.: 45 minutos – Direção: Alex Grasshof - País: EUA - Ano: 1981
26 SARTRE, Jean Paul. Reflexões sobre o racismo. Rio de Janeiro: Difel, 1979, p. 8.
27 NOVINSKY, Anita. O racismo e a questão judaica. In Lilian.K.M. Schwarcz e R.S.Queiroz (org.) Raça e Diversidade. São Paulo, Edusp/Estação Ciência, 1996. Disponível em: Acessado em: 29/09/2010.
28 JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 27.
29 ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo: Anti-semitismo, instrumento de poder. Rio de janeiro: Documentário, 1975, pp. 24 e 26.
30 FONTETTE, François de. Op. Cit. pp. 9-10.
31 Apud NOVINSKY, Anita. Op. Cit.
32 SARTRE, Jean Paul. Op. Cit., p. 58.
33 Ver GEIGER, Paulo. Antissemitismo. In: Nunca Mais. Educando para a cidadania e a democracia. Op. Cit.
34 FONTETTE, François de. Op. Cit., p. 21; 24; 30-31.
35 Acusação pela morte de Jesus. Muitos usam como base a passagem de Mateus 27,25: “Que o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”, teria dito o povo judeu após “condenar” Jesus e absolver Barrabás.
36 Dizia-se que os judeus, por exemplo, chicoteavam a hóstia, até que ela sangrasse (sic).
37 O sumiço de crianças num povoado era logo “solucionado” com a acusação de que os pequenos eram sacrificados em rituais religiosos pelos judeus.
38 MARGULIES, Marcos. Do racismo ao Sionismo: uma análise conceitual. Rio de Janeiro: Editora Documentário, 1976, pp. 69-70.
39 Palavra de origem russa que define um organizado, embora aparentemente espontâneo, ataque de multidão à determinada coletividade judaica, com saques, violência e massacre. Ver ARENDT, Hannah. Op. Cit., p. 106.
40 A imagem que surgiu na Idade Média pelos motivos expostos não teria o porquê de se manter até hoje. No entanto, a tradição criou o estereótipo, que se torna mais forte do que o objeto real. Vide GEIGER, Paulo. Op. Cit, p. 43.
41 Idem Ibidem, p. 45.
42 A conclusão de Anna Zuk, da Universidade de Lublin, se baseia no estudo da sociedade polonesa do século XVIII. Apud BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., pp. 62-63.
43 ZAGNI, Rodrigo Medina. As Profundezas do Intangível: Relações entre o antissemitismo religioso e o antissemitismo "científico" na justificativa nazista para a Shoah. Aula inaugural do curso "Panorama Histórico do Holocausto", USP, 02/08/2008. Disponível em: . Acessado em: 27/09/2010. Cf FONTETTE, François de. Op. Cit., pp. 58-59.
44 BARON, Salo W. Op. Cit., p. 62.
45 Idem Ibidem, p. 137.
46 Afirmativa baseada em BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., p. 43. Por sua vez, o autor citado menciona uma obra chamada “Distúrbios sociais e antissemitismo”, de AKERMAN E JAHODA.
47 Uma referência à tradição de casamentos entre judeus.
48 Um dos defensores desta ideia é o psicólogo Kevin McDonald, nas obras “Um povo que habita sozinho” e na monografia “ Compreendendo a influência judaica”. Apud BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., pp. 40-41.
49 BARON, Salo W. Op. Cit., p. 130.
50 ARENDT, Hannah. Op. Cit. p. 95.
51 BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., pp. 79-80.
52 MAGNOLI, Demétrio. Uma gota de sangue: história do pensamento racial. São Paulo: Contexto, 2009, p. 36.
53 POLIAKOV, Leon. O Mito Ariano. São Paulo: Perspectiva, 1974, p.260.
54 O próprio Darwin colocava em dúvidas a uniformidade racial tanto dos arianos como dos semitas. Idem Ibidem, p. 242.
55 MAGNOLI, Demétrio. Op. Cit., p. 21.
56 ZAGNI, Rodrigo Medina. Op. Cit.
57 MAGNOLI, Demétrio. Op. Cit., p.24.
58 FONTETTE, François de. Op. Cit., pp.72-73.
59 GUERRA, Andréa Trevas Maciel. Do holocausto nazista à nova eugenia no século XXI. Cienc. Cult., jan./mar. 2006, vol.58, no.1, p.4-5. ISSN 0009-6725. Disponível em: . Acessado em: 27/09/2010.
60 LEWIN, Helena. A eugenia a serviço do antissemitismo: o caso Brasil. In: LEWIN, Helena (coord.) Judaísmo e globalização: espaços e temporalidades. Rio de Janeiro: 7 letras, 2010, pp.351-352.
61 POLIAKOV, Leon. Op. Cit., p.288.
62 Apud Idem Ibidem, pp.264; 275.
63 MARGULIES, Marcos. Op. Cit., p. 80.
64 ARENDT, Hannah. Op. Cit. pp.121;65-66.
65 CARNEIRO. Maria Luiza Tucci. Holocausto: crime contra a humanidade. São Paulo: Editora Ática, 2007, p.20.
66 Trata-se do estudo feito por Klemens Felden e citado por CARNEIRO. Maria Luiza Tucci. Op. Cit., p.18.
67 Idem Ibidem.
68 Esta obra chegou a ter 114 edições em 1 ano. Ver FONTETTE, François de. Op. Cit., p.75.
69 Para uma descrição completa do processo Dreyfus, ver ARENDT, Hannah. Op. Cit. Capítulo 4.
70 BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., pp. 73-74.
71 O Sionismo não era algo homogêneo, existindo várias nuances que permanecem até hoje. Ver MARGULIES, Marcos. Op. Cit., pp. 92-121. No século XIX, o sionismo é basicamente secular. Ver ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p.416.
72 Já na década de 1880, quando Nathan Birnbaim usa pela primeira vez o termo “sionismo” e dois anos depois acontece o Primeiro Congresso Sionista, estima-se que havia de 10 a 24 mil judeus na Palestina. Ver SMITH, Dan. O atlas do Oriente Médio: conflitos e soluções. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 36.
73 Interpretação baseada em JOHNSON, Allan G. Op. Cit., p.25.
74 KONDER, Leandro. Introdução ao Fascismo. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1977, p. 11.
75 Informações retiradas de STACKELBERG, Roderic. A Alemanha de Hitler. Origens, interpretações, legados. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2002, p. 201; DAVIDSON, Eugene. A Alemanha no banco dos réus. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970, p.396; OVERY, Richard. Os Ditadores: a Rússia de Stalin e a Alemanha de Hitler. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009, pp.44,138,147.
76 Certa vez, disse ao colega e ministro Speer: “Até agora, só um alemão foi recebido assim antes de mim: Lutero.” Ver SPEER, Albert. Por dentro do III Reich: os anos de glória. Rio de Janeiro: Editora artenova, 1971, p. 66.
77 CARVALHO, Pedro Conceição. O Fascismo e o Nazismo. CIARI – Centro de Investigação e Análise em Relações Internacionais. Universidade Lusófona. 2007. Disponível em: Acessado em: 20/10/2010.
78 Albert Speer escreveu em seu livro: “Não escolhi o NSDAP e sim aproximei-me de Hitler, cuja figura me impressionou (...) Hitler apoderou-se de mim, antes de eu ter compreendido o alcance do seu movimento.” SPEER, Albert. Op. Cit., p. 21.
79 Fala-se em “teorias psicológicas” para explicar esta espécie de neurose de Hitler. Uma delas diz “que ele culpava o médico judeu de sua mãe por ela não conseguir se recuperar do câncer.” Evidentemente, por falta de fontes, seguimos ignorando esta hipótese. Vide STACKELBERG, Roderic. Op. Cit., p. 128.
80 Reunião de duas leis: “Lei de proteção do Sangue e da Honra alemã” e a “Lei de Cidadania do Reich”. Para uma visão completa das leis antissemitas no período nazista, ver SCHILLING, Voltaire. A política da morte do Nazismo. In: MILMAN, Luis; VIZENTINI, Paulo Fagundes (orgs). Op. Cit. Após o maior pogrom da Alemanha nazista – A Noite dos Cristais -, 3 homens que estupraram moças judias foram presos, não pela violência em si mas por ter se contaminado com a sub-raça judia. Vide OVERY, Richard. Op. Cit., p. 168.
81 BENSOUSSAN, Georges. História da Shoah. Biblioteca Virtual de literatura universal em galego, 2005. Disponível em: Acessado em: 23/12/2010.
82 MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História Contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1994, p. 150.
83 No Brasil, o maior especialista desta propaganda audiovisual nazista é Wagner Pinheiro Pereira. Vide Nazismo: Política de massas e ideologia. In: Nunca Mais. Educando para a cidadania e a democracia. Op. Cit. e O Terceiro Reich em cena: história e memória audiovisual do nazismo e do Holocausto. In: LEWIN, Helena (coord.). Op. Cit.
84 Todas as ligações religiosas do nazismo foram brilhantemente estudadas em STEIGMANN-GALL, Richard. O Santo Reich: Concepções Nazistas do Cristianismo. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2004.
85 HITLER, Adolf. Minha Luta. São Paulo: Centauro, 2001, p. 53.
86 OVERY, Richard. Op. Cit., p. 194.
87 CYTRYNOWICZ, Roney. As formas de lembrar e a história do Holocausto. In: MILMAN, Luis; VIZENTINI, Paulo Fagundes (orgs). Neonazismo, Negacionismo e Extremismo Político. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 2000. Disponível em: . Acesso em: 23/09/2010.
88 OVERY, Richard. Op. Cit., p. 262.
89 FRIEDLAENDER, Saul. O significado Histórico do Holocausto. In: Holocausto: um tema em debate. Análise Shalom. (n.3). São Paulo, Editora Shalom, 1979, p. 244.
90 BAUMAN, Zygmunt. Op. Cit., p. 90.
91 HITLER, Adolf. Op. Cit., pp. 75; 300; 307.
92 Idem Ibidem, p. 334.
93 O livro de Hitler de modo a torná-lo acessível a todos. Chegou a vender 9 milhões de exemplares e era distribuído aos alemães recém-casados. As referências citadas podem ser encontradas em Idem Ibidem, pp. 47-48; 226; 230; 297.
94 Apud POLIAKOV, Leon. Op. Cit., p. 305.
95 OVERY, Richard. Op. Cit., p. 263.
96 FONTETTE, François de. Op. Cit., p.84.
97 GOLDHAGEN, Erich. Pragmatismo, Função e Fé no anti-semitismo nazista. In: Holocausto: um tema em debate. Op. Cit., p. 230.
98 Apud Holocausto: um tema em debate. Op. Cit., pp. 25-26.
99 FONTETTE, François de. Op. Cit., pp.82; 91.
100 Após o fim da Segunda Guerra, um Tribunal Internacional se reuniu e julgou dezenas de nazistas e seus colaboradores. Recebeu este nome por se reunir na cidade alemã de Nuremberg.
101 OVERY, Richard. Op. Cit., p. 313.
102 Sempre utilizamos a palavra “Campo” como modelo genérico, uma vez que existiam inúmeros tipos. Uma especialista neste assunto é Ania Cavalcante. Vide Os Campos de Concentração – Konzentrationslager – KZ: fundamento do sistema nazista. In: Nunca Mais. Educando para a cidadania e a democracia. Op. Cit. e O universo concentracionário nazista de 1933 a 1945 e a implementação da “Solução Final” da Questão Judaica, Op. Cit.
103 BAUMAN, Janina. O Inverno na Manhã: uma jovem no gueto de Varsóvia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p. 8.
104 Prisioneiros que trabalhavam para os nazistas dentro dos Campos.
105 LEVI, Primo. É Isto um Homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1988, pp. 14; 25; e, do mesmo autor, Os Afogados e os Sobreviventes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, pp. 53-54; 58.
106 CAVALCANTI, Ania. O universo concentracionário nazista de 1933 a 1945 e a implementação da Solução Final” da Questão Judaica. Op. Cit.
107 LEVI, Primo. Os Afogados e os Sobreviventes. Op. Cit., p.10.
108 Idem Ibidem, pp.12; 16; 106.
109 Apud Idem Ibidem, p.118.
110 LAKS, Aleksander. O Sobrevivente. Rio de Janeiro: Record, 2000.


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