domingo, 3 de outubro de 2010

Auto-avaliação aberta: professor pode avaliar outro professor?

Coloco abaixo o texto que escrevi como auto-avaliação para o módulo de "Didática do Ensino Superior", na pós-graduação em História Contemporânea que faço. Prestem atenção sobretudo na segunda parte.
Fazer uma auto-avaliação é sempre muito mais difícil do que avaliar o outro. Por vezes somos levados à arrogância, noutras à humildade leviana. Enfim, tenho minhas dúvidas se tal exercício realmente provoca algum resultado no autor da auto-avaliação.
Por outro lado, acho esta ferramenta importantíssima enquanto retorno de um trabalho. Para o professor que pede esta tarefa aos alunos, se feita com sinceridade pelos discentes, recebe um material muito rico para aprefeiçoar-se.
Tudo que eu faço na minha vida é com bastante intensidade. Não consigo fazer algo pela metade ou de qualquer jeito. Quando me proponho a abraçar um projeto faço um mergulho. É verdade que isto pode atrapalhar, dependendo se o local em que estiver mergulhando tem muita água ou não. Mas, em geral, vejo isto como uma característica boa.
A pós-graduação se insere nestes projetos em que me agarro. Não dispensaria um tempo precioso, como são os sábados, se estivesse interessado apenas no diploma. O mais importante aqui é o que eu posso enriquecer diante do conhecimento dos colegas e professores.
Sou apaixonado pelo que faço e por isso as discussões mexeram muito comigo, provocando sentimentos conflitantes, porém necessários para o debate que foi travado. Da minha parte, estou certo que não faltou empenho e participação nas aulas e na apresentação do trabalho final.
Em relação à turma, no pouco tempo que passamos, posso dizer que aprendi muito. A variedade de figuras, presente em qualquer classe, acrescenta muito à dinâmica das aulas. Está aí algo que o cursos à distância nunca irão conseguir: fóruns pela internet nunca serão comparáveis ao contato humano e à troca de idéias proporcionada pelo convívio com os colegas. Aprendemos com eles tanto quanto com os professores. Esta constatação é verdadeira quando falo desta turma.
Confesso que não tenho lá uma visão das melhores em relação à sua disciplina. Tive na minha vida profissional motivos suficientes para desmerecer os pedagogos (mesmo sabendo que estou generalizando).
Esta advertência se faz necessária para que você não pense que a crítica que irei fazer é algo pessoal.
Em primeiro lugar, não me sinto nem um pouco confortável em avaliar o Cléber enquanto professor, e me recuso em fazê-lo. Sou professor também, e acho que um dos grandes problemas da nossa classe é o fato de existir tantos profissionais sem a mínima ética para trabalhar na educação. Não me sinto com autoridade, nem acredito que ninguém a tenha, de dizer se o trabalho de um colega é bom, ruim ou mais ou menos. Defendo a liberdade irrestrita do professor ministrar a sua aula, do jeito que achar conveniente para atingir o resultado esperado. Qualquer camisa de força tentando robotizar os professores, fazendo-os pensarem que existe uma maneira correta de ministrar aulas é uma visão mesquinha da realidade. E a realidade é que professores são seres humanos, e como tal são diferentes, e como tal têm o direito de expressarem suas diferenças dando suas aulas de acordo com suas personalidades. Como esperar de um professor tímido que cante músicas para seu aluno?
Enfim, a única avaliação que posso fazer do seu trabalho é que você fez a sua parte – ministrou suas aulas. Ponto final.
Não obstante, posso e quero fazer um comentário à respeito das suas idéias (o que é muito diferente de criticar a sua maneira de dar aula). E vai ser bem curta: Enquanto colocarmos os problemas (no plural!) da educação na conta do professor (no singular!) não iremos chegar a lugar algum. Não se trata de apontar um culpado. TODOS NÓS SOMOS CULPADOS! Estado, família, professores, alunos, gestores, comunidades, sociedade como um todo. A História está repleta de exemplos do que acontece com o chamado “bode-expiatório”. O professor está cansado! Cansado de carregar nas costas o peso de ser um fracassado. Cansado de ter que viver com um salário de fome. Cansado de ser humilhado pela sociedade que não dá o devido valor à sua profissão. Cansado de pessoas que se sentem melhores do que ele e dizem o que ele deve fazer para ser melhor. O professor sabe o que tem que fazer... e faz! O problema é que ele está sozinho. A grande verdade que não é dita no Brasil é que o único, eu disse O ÚNICO, que realmente se importa com a educação no Brasil É O PROFESSOR. O resto... bom... o resto se elege, se vê livre do filho, ganha diploma, ganha emprego, ganha um discurso... além daqueles que vendem livros.
Alguém se habilita a responde a pergunta do título?

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