sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O OVO DE COLOMBO!

por Sergio Boechat

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O Senador Cristóvam Buarque, do PDT/DF apresentou um Projeto de Lei, no Senado Federal, que resolveria o problema da Educação Pública. Deveria ter incluído a Saúde também nesse Projeto, obrigando os políticos a serem atendidos nos hospitais públicos. Aí resolveríamos os dois problemas de uma vez só! Pelo Projeto dele, os políticos seriam obrigados a matricular os seus filhos na escola pública. Esse Projeto jamais será aprovado, mas se fosse, teríamos as melhores escolas do mundo; com prédios maravilhosos; professores de primeira linha; com ótimos salários, motivados e também uma proposta pedagógica moderníssima que gerasse os melhores resultados para os filhos dos políticos. Mas como a escola pública é para os mais pobres e para os excluídos, os prédios vão continuar caindo aos pedaços, professores ganhando mal, desmotivados e sendo desrespeitados pelos Prefeitos e pelos Governadores. -->

O Ovo de Colombo é uma metáfora para referir-se a soluções "aparentemente" muito naturais e óbvias, mas que alguém teve que pensá-las algum dia e alguém teve que implementá-las, para depois serem tão naturais. O Senador Cristóvam Buarque, do PDT/DF, apresentou um Projeto de Lei obrigando todos os políticos a matricularem os seus filhos em escolas públicas! Este é um autêntico “ovo de Colombo”, porque ninguém tinha pensado nisso antes e será a única forma de fazer com que Vereadores, Prefeitos, Governadores, Deputados e Senadores comecem a se preocupar mesmo com a qualidade da escola pública, com os salários dos professores, com a situação dos prédios escolares, com a proposta pedagógica e com os resultados, que são mostrados nas avaliações do MEC e agora, também da FIRJAN. Em princípio, quem usa, hoje, a escola pública é a população com menos recursos financeiros, os mais pobres ou os excluídos. Os mais abastados, incluindo-se aí os políticos, matriculam os seus filhos nas melhores escolas particulares e não estão nem aí para o que está acontecendo na rede pública de ensino. Daí a indiferença de grande parte dos Vereadores, dos Secretários de Educação e dos Prefeitos com o que está acontecendo no setor público, porque os filhos deles estão sendo muito bem atendidos em escolas de ponta, com todos os recursos tecnológicos e com os melhores professores da cidade. O dinheiro investido na educação, pela grande maioria dos Prefeitos, é chorado e sempre que podem tentam usar algum artifício para fugir da obrigação constitucional de aplicar, no mínimo, 25% em educação – artigo 212, da Constituição da República – e no caso de Volta Redonda, o artigo 422, da Lei Orgânica Municipal obriga a aplicação de 30%, no mínimo, em educação. Os Prefeitos deveriam entender que os recursos gastos em educação são investimentos que o Governo faz em prol do desenvolvimento da cidade e da Região. Há, por exemplo, uma resistência muito grande da esmagadora maioria dos Prefeitos em relação ao tempo integral nas escolas públicas. Se os filhos deles estivessem estudando na escola pública certamente que eles se empenhariam para garantir tudo o que é sugerido na Lei 9.394/96 e até mais alguma coisa que pudesse lhes ajudar para conseguirem uma formação melhor! O tempo integral é essencial na escola pública, principalmente nas escolas de periferia, mas não comove os nossos políticos, porque eles não moram na periferia e nem precisam da escola pública. Infelizmente, um Projeto como este jamais será aprovado no Senado Federal ou na Câmara dos Deputados porque os políticos preferem que tudo continue como está, porque é confortável para eles! Os Prefeitos continuam gastando o que a lei obriga, sempre dando um jeitinho para fugir da responsabilidade que lhes é imposta e as famílias menos privilegiadas continuam matriculando os seus filhos nas escolas públicas, com prédios caindo aos pedaços; professores desmotivados, mal pagos, sem perspectivas de futuro, de crescimento profissional, tendo os seus direitos questionados pela Administração Municipal, sem Plano de Cargos, Carreiras e Salários; enquanto os filhos de famílias com mais recursos, incluindo os dos políticos, desfilam em carros novos, quando não são carros oficiais, para frequentarem escolas da Classe A. Aliás, este Projeto também deveria incluir, se fosse possível, o atendimento obrigatório dos políticos nos hospitais públicos, principalmente os Prefeitos, Governadores, Vice-Presidente e Presidente da República! Para eles tudo é ótimo. Ficam doentes ou precisam de uma cirurgia, correm para o Hospital Albert Eistein, Sírio-Libanês, Beneficiência Portuguesa, Barra D`OR, Vita, Copa D´OR entre outros de primeira linha, enquanto os demais mortais que não têm Plano de Saúde e nem Convênios Especiais são levados para o Hospital do Retiro e para o Hospital São João Batista! Se os políticos tivessem que ser atendidos nos Hospitais Públicos, não faltariam recursos e os dois hospitais acima seriam referências nacionais, com todos os recursos imaginários e os melhores médicos da Região, mas como isso jamais será aprovado em um país chamado Brasil, os dois hospitais públicos vão continuar do jeito que estão, com poucos médicos, equipamentos limitados, instalações precárias, filas e se limitando a fazer o atendimento mais rotineiro possível, com todos os problemas que todo mundo conhece. Mas valeu a intenção do Senador Cristóvam Buarque, mesmo que isso não passe de um “ovo de Colombo”! Pelo menos nos permitiu falar sobre este assunto e a sonhar com uma educação e uma saúde melhor!

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